Space… the Final Frontier

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Desde muito pequeno sempre admirei a vastidão e a profundidade do cosmos e ao mesmo tempo que me sentia apequenado me sentia também invadido por um sentimento de grandiosidade ao contemplar o céu estrelado. Exatamente o mesmo sentimento me assombra de novo ao constatar que na imensidão do cosmos consigo vislumbrar paradoxalmente a completa insignificância e ausência de sentido da vida humana e ao mesmo tempo o destino manifesto da nossa civilização. Mesmo no nosso mais alto grau de desenvolvimento não fazemos a menor diferença do ponto de vista de uma escala galáctica, que dirá cósmica. No entanto, dada a taxa atual de desenvolvimento tecnológico é uma conseqüência inevitável a colonização do espaço, o aparecimento de entidades super inteligentes e um entendimento mais profundo da natureza do nosso universo. Usando-se sondas de von Neumann estima-se que após os primeiros passos em direção a colonização da galáxia serem dados, essa tarefa se completara em algumas centenas de milhares de anos .

Bostrom argumenta que mesmo com o atual poder computacional se a tecnologia para o uploading for desenvolvida todos os recursos disponíveis apenas no nosso aglomerado local seriam suficientes para sustentar 10²³ seres humanos, ele calcula que a cada segundo de atraso na colonização espacial desperdiçamos 100.000.000.000.000 de vidas em potencial. Se formos descuidados com relação aos perigos de extinção podemos ser eliminados da face da terra e com isso a colonização da galáxia por vida inteligente sofreria no mínimo um grande atraso com uma perda de vidas em potencial incomensurável. Por isso o futuro da humanidade me preocupa mais do que qualquer outra coisa, os valores em jogo são altíssimos. Se eu achasse que a raça humana estivesse fadada a continuar no atual estado de desenvolvimento para sempre eu não iria  me preocupar tanto com a questão. No entanto eu sei que o tempo em que os seres humanos vão desempenhar um papel chave no que vai acontecer com o nosso planeta e no mínimo com a galáxia se aproxima, se raça humana desperdiçar esse momento todo um futuro cheio de possibilidades inimagináveis é destruído. A colonização da galáxia, entes super inteligentes, uma consciência e um entendimento muito mais profundos do universo e um bem estar e uma felicidade muito maior podem estar nos aguardando nos próximos séculos, bem como pode estar nos aguardado a total destruição, e qual porta nós iremos abrir depende das nossas ações agora. Ou a raça humana vai transcender a sua insignificância cósmica e a sua chama vai brilhar pelo universo e a galáxia será adornada com os ramos, as flores e os frutos do que agora é somente semente ou nós seremos completamente eliminados da face da terra e toda a nossa existência será vã. Quando se sabe que a primeira possibilidade é real, saber que a segunda também o é, é aterrorizante.

A questão do significado da vida e do nosso papel do cosmos pode ganhar uma resposta caso tomemos as ações certas em direção a singularidade e à conquista do espaço, caso contrario a vida se torna sem significado algum e nosso papel no cosmos é totalmente irrelevante. Quando olho para o céu estrelado imagino grandes civilizações realizando viagens interplanetárias, computadores do tamanho de planetas simulando bilhares de bilhares de civilizações infinitamente mais avançadas que a nossas, diante de toda a frieza e a imponência do cosmos consigo vislumbrar ele preenchido de vida, de diversidade e de sentido. Pensar que todo esse futuro possível pode desaparecer diante de nossos olhos somente por descuido é desolador. De fato estamos boldly going where no man has gone before, que a nossa jornada não acabe de maneira abrupta nas mãos de estúpidas e incontroláveis nano maquinas.

Termino com a descrição de apoteose dada por Yudkowsky:

“The Singularity holds out the possibility of winning the Grand Prize, the true Utopia, the best-of-all-possible-worlds – not just freedom from pain and stress or a sterile round of endless physical pleasures, but the prospect of endless growth for every human being – growth in mind, in intelligence, in strength of personality; life without bound, without end; experiencing everything we’ve dreamed of experiencing, becoming everything we’ve ever dreamed of being; not for a billion years, or ten-to-the-billionth years, but forever… or perhaps embarking together on some still greater adventure of which we cannot even conceive.  That’s the Apotheosis.

If any utopia, any destiny, any happy ending is possible for the human species, it lies in the Singularity.

There is no evil I have to accept because “there’s nothing I can do about it”.  There is no abused child, no oppressed peasant, no starving beggar, no crack-addicted infant, nocancer patient, literally no one that I cannot look squarely in the eye.  I’m working to save everybody, heal the planet, solve all the problems of the world.”

Compulsão de Produzir

Os TED talks tem tido uma influência fabulosa na minha vida, me inspirando, dando caminhos para pensar e seguir, idéias produtivas e criando uma enorme quantidade de esperança na terra, no homem, na criatividade etc…

Eles têm no entanto um aspecto peculiar, que seria bom em pequenas doses, mas que começa a se tornar uma problemática séria.

Eles são inspiradores demais, e geram uma compulsão de produzir. Ver todas aquelas pessoas tentando loucamente fazer um mundo melhor e de fato conseguindo me leva além das minhas forças numa vontade de produzir, escrever, arrecadar dinheiro, encontrar as grandes causas etc… e com isso por vezes perco o norte e gasto tempo com coisas que não deveria. Fazer algo direito requer que pensemos muito sobre ele, mesmo que como eu já disse antes, o primeiro passo possa ser para qualquer lado, disse e repito:
“Because it is so natural to just keep walking, most people are unlikely to stop, think, and give the first step thinking about their plans.

No matter towards what a first step is, because what we should avoid is not going on the wrong direction, but not going on any direction whatsoever. The first step is a way to stablish a mindset, a way of thinking, and it matters for what it represents, not for what it is. After giving the first one, if might take a long time to go back to the old self minimalized thinking, giving us enough time to find that which might be the achievement we had always faintly foreseen, without ever giving real consideration to the possibility of doing it, or even of reasoning about it enough to shape it, define its borderlines and understand what it is.”

De qualquer maneira, essa super-inspiração por vezes desvia a possibilidade de estudar, de conhecer antes de explanar, de aprender antes de ensinar, de digerir antes de extrojetar.

E cá estou fazendo isso novamente, produzindo, ao invés de estudar. Ainda bem que existe uma maneira muito simples para corrigir isso.

Algumas reflexões sobre o problema mente-corpo

O problema mente-corpo questiona como a mente, aparentemente imaterial, se relaciona com o corpo, isto é, como ela depende dele e quais as relações causais entre os dois. Falarei mais especificamente da relação da consciência fenomenal, que compreende as sensações, os qualia, enfim, aquilo que se sente. De que maneira e onde nosso corpo gera estas sensações imateriais? Elas são em algum sentido independentes dele? Poderíamos construir máquinas com estas sensações?

Vou assumir nesta reflexão que o que chamamos de consciência fenomenal não é uma ilusão, isto é, que ela tem algum tipo de realidade objetiva que corresponde ao que percebemos subjetivamente como consciência e que dá significado a frases como “ele é consciente” e “cachorros devem ser conscientes”.

Como mencionei anteriormente, acho que um fato potencialmente muito importante na questão da consciência fenomenal (qualia) é que cada um de nós reconhece tê-la e experenciá-la, e sabe portanto que tem qualia, mostrando que se não é fisicamente necessário, é pelo menos efetivo que em nós seres humanos os qualia estão associados a processos físicos no cérebro.

No meu entendimento isto torna o chamado argumento epifenomenalista pouco plausível. Ele diz que poderia ser que o cérebro de alguma forma gere consciência sem que esta tenha qualquer consequência causal sobre ele, ou seja, o cérebro provoca a consciência, mas a consciência nada faz sobre o cérebro. Ora, se a consciência não atua sobre o cérebro, é extremamente improvável, surpreendente e coincidental que nosso cérebro atue como se fosse capaz de “percebê-la”. Além disso, se nosso reconhecimento e relato de consciência é consequência isolada do cérebro e nada tem a ver de fato com ela, não temos nenhum motivo para crer que temos alguma consciência, e postular que ela exista se torna irrelevante. Assim, enquanto é possível que o cérebro gere consciência sem que isto tenha nenhuma consequência causal necessária sobre ele, esta proposta parece não ter nenhum suporte*.

Suponho então que o processo da consciência tal como ocorre no cérebro humano tem consequências físicas. Assim sendo, se supusermos que o sistema físico do cérebro pode ser simulado computacionalmente com uma razoável precisão, a simulação deverá ter exatamente o mesmo comportamento de um cérebro, inclusive o de reconhecer a própria consciência. Como supomos que este reconhecimento se dava originalmente em função do próprio fenômeno, temos de admitir que a simulação simula também pelo menos os processos físicos provocados pela consciência.

Vamos analisar então estas suposições, cenários possíveis e quais suas consequências sobre o entendimento da natureza da consciência (1=sim 0=não):

É possível simular o cérebro num computador convencional qualquer com exatidão suficiente para reconhecer a própria consciência?
0. É possível simular o cérebro em algum outro sistema físico artificial (por exemplo, num computador quântico ad hoc)?
0.0. Então o funcionamento do cérebro deve depender de alguma propriedade muito especial do cérebro estranhamente irreprodutível em sistemas artificiais (possivelmente fora da física convencional).
0.1. Então o funcionamento do cérebro depende de propridades físicas muito especiais que não talvez não possam ser reproduzidas em sistemas computacionais quaisquer. Porém, são reprodutíveis em alguns sistemas físicos.
Neste caso, a consciência pode ser um processo material (por exemplo algum tipo de reação, partícula ou campo), possivelmente revelando novos princípios físicos, ou hipercomputacional (requer capacidade computacional superior a de uma máquina de Turing). Em qualquer dos casos, poderemos dentro dos seus limites descobrir as relações entre este tal processo ou computação e os estados conscientes no nosso cérebro e contruir máquinas conscientes, embora possa ser bastante difícil e trabalhoso.
1. Os processos físicos relevantes às consequências da consciência são suficientemente simuláveis, mas… estamos simulando juntamente também a própria consciência, além de seus efeitos físicos?
1.0. Epifenomenalismo: Sistemas podem apresentar todas as consequências de se ser consciente porém sem tê-la. De maneira que não temos nenhuma evidência de que exista nenhuma outra consciência além da nossa (se é que podemos confiar na existência da nossa)*.
1.1. O computador da simulação é plenamente consciente e a consciência é portanto uma propriedade funcional dos sistemas físicos. Podemos construir seres conscientes à vontade, bastando que descubramos qual é esta propriedade e como ela se associa ao sistema de reconhecimento de estados conscientes no nosso cérebro.

* Vou admitir uma possibilidade um pouquinho plausível para a consciência que ainda tornaria uma forma de (pseudo)epifenomenalismo plausível: a consciência poderia ser um processo que enquanto no nosso cérebro ela certamente tem consequências causais, elas são muito sutis e dependentes de propriedades muito específicas e delicadas da arquitetura do nosso cérebro (porém ainda presentes na maioria de nós). De maneira que um sistema físico que reproduzisse o cérebro pudesse reproduzir a arquitetura grossa suficiente para o comportamento de reconhecimento da consciência, mas insuficiente para que ela provocasse consequências causais sobre ele. Mas acho que se trata de uma hipótese quase tão implausível quanto a primeira.

Como argumentei, acho o epifenomenalismo implausível, mas creio que infelizmente não temos maneiras de refutá-lo; a pergunta 1 não me parece ser empiricamente testável. A possibilidade de o funcionamento do cérebro depender de alguma propriedade muito especial possivelmente fora do nosso conhecimento físico convencional (por exemplo, a necessidade de uma alma encarnada) também parece possível, embora dificilmente confirmável (mesmo que descobríssemos o fenômeno bizarro, seria necessário um princípio mais fundamental para garantir que ele é necessário para a consciência em todos os sistemas físicos).

Portanto, se não cometi nenhum erro, vemos que se admitirmos que a consciência fenomenal de fato existe, e que não haja uma razão muito misteriosa para não sermos capazes de simular o cérebro, provavelmente seremos capazes de decifrar os princípios que vinculam a consciência fenomenal com seus substratos, e construir máquinas conscientes, provavelmente também possibilitando que futuramente as consciências humanas vivam eternamente na forma de máquinas, como prevê Kurzweil, entre vários outros.

Obs: Meu palpite é que somos completamente simuláveis por computadores convencionais (1.1).

Why So Few?

You can either watch the video, or read the following passage, from the movie Waking Life.

“There are two kinds of sufferers in this world:
those who suffer from a lack of life…
and those who suffer from an overabundance of life.
I’ve always found myself in the second category.
When you come to think of it,
almost all human behavior and activity…
is not essentially any different from animal behavior.
The most advanced technologies and craftsmanship…
bring us, at best, up to the super-chimpanzee level.
Actually, the gap between,
say, Plato or Nietzsche and the average human…
is greater than the gap between that chimpanzee
and the average human.
The realm of the real spirit,
the true artist, the saint, the philosopher,
is rarely achieved.
Why so few?
Why is world history and evolution not stories of progress…
but rather this endless and futile addition of zeroes?
No greater values have developed.
Hell, the Greeks years ago were just as advanced
as we are.
So what are these barriers that keep people…
from reaching anywhere near their real potential?
The answer to that can be found in another question,
and that’s this:
Which is the most universal human characteristic–
fear or laziness?”

What blocks the path of man? Who is to blame? Why so few? Why so few?

Most men would sooner die than think, in fact, they do so. Bertrand Russell

To put my intellectual talent to proof, I usually avoid common routes of thought, and I endeavour to find the uneasy path of the peculiar explanation. This is not the case this time. I wish to take the easy road.

From the beggining of craftsmanship and greatness, eons ago, Man has understood that with great power, comes great need to control the minds of people. A thousand strategies to intervene with human affairs and secure a safe and totalitarian state of mind have been tried, and most perished with their societes, their leaders, and their thieves. One, above all, has been fruitful enough to survive to this day. Religion.

No one today doubts that religion has been an evil force for most of the time it has existed, though not all recognize that a great deal of moral safety was created through it. If has religion made any useful contributions to civilization is not my present theme, for I do not profess to thrive further than did Bertie. But I want to give a temptative answer to the “Why so few?” question. Religion is the main force beneath it. The way of religion is that of a dog’s master, and the first thing a dog ought to understand is who is the master, and who is the dog. Pope Benedict has extensively written on the topic of secularization, that is, the enlightment of institutions, during which structures which were previously religious become progressively secular, during such process many of the sociological basis of religiousity of course tend to remain embedded within the infrastructure of the concerned parties, which is what I wish to hold responsible for our lack of greatness.

If there is no cannon professing idiocy and stupidity (and I am ready to acknowledge ignorance of the gospels) then it seems that priests got it all backwards. I assume, therefore, that the teachings of most major religions are explicit when it comes to professing lack of knowledge as a path to the heavens. That being so, I reckon the reason ought to be because such an envinronment would be great to enforce and put in evidence the unfathomable distance between Man and God. What better way to show devotion than with a respectful distance of the throne? The kings of old were tought never to touch with more than two finger a glass cleaned by a peasand, and I can feel the same spirit in Gods choice that his herds be so stupid as to never touch his creation. When the kings of old died, the structure of monarchy has lasted for very long, and to this day we see nobles hanging around in fancy dressing and being covered in the local media, for the peasants pleasure. Why should we expect different behavior from current societies? God is dead, but that has brought us no further when it comes to creating greatness of achievement;, for our social structure is still under the guidance of a last commandment, the commandment of “Us, and Them”.

They are the great ones, those whose leadership and genious have traced the history of mankind, those whom history shall never forget, and for whom we are all eternally greatful. Us, on the other hand, are a group of children, afraid of the powerful forces of nature and unable to deal with even the slightest disturbance in common thought and life. Us is those who will never make a difference, is those who shall never fight, or know why to fight. Us has no purpose, no happiness, no moral, us is but what makes the machine move .
The mind has been poisoned with these ideas for thousands of years, and there is no reason to think they shall fade away without effort. The gap between us and them is no longer there, in fact, it has never been. We are all humans, and though there is a disproportionate distribution of skill, it is unbelievably less steep a hill than have the priests of old made us believe.

The spirit is now free to fear no more, and it is time to bridge the gap, and understand that what separates us from them is but a metaphisical barrier which must be struck apart and destroyed. May we all fight togheter.

“How, in such an alien and inhuman world, can so powerless a creature as Man preserve his aspirations untarnished? A strange mystery it is that Nature, omnipotent but blind, in the revolutions of her secular hurryings through the abysses of space, has brought forth at last a child, subject still to her power, but gifted with sight, with knowledge of good and evil, with the capacity of judging all the works of his unthinking Mother. In spite of death, the mark and seal of the parental control, Man is yet free, during his brief years, to examine, to criticise, to know, and in imagination to create. To him alone, in the world with which he is acquainted, this freedom belongs; and in this lies his superiority to the resistless forces that control his outward life.”
” Let us preserve our respect for truth, for beauty, for the ideal of perfection which life does not permit us to attain, though none of these things meet with the approval of the unconscious universe. If Power is bad, as it seems to be, let us reject it from our hearts. In this lies Man’s true freedom: in determination to worship only the God created by our own love of the good, to respect only the heaven which inspires the insight of our best moments. In action, in desire, we must submit perpetually to the tyranny of outside forces; but in thought, in aspiration, we are free, free from our fellowmen, free from the petty planet on which our bodies impotently crawl, free even, while we live, from the tyranny of death. Let us learn, then, that energy of faith which enables us to live constantly in the vision of the good; and let us descend, in action, into the world of fact, with that vision always before us.”
” In these moments of insight, we lose all eagerness of temporary desire, all struggling and striving for petty ends, all care for the little trivial things that, to a superficial view, make up the common life of day by day; we see, surrounding the narrow raft illumined by the flickering light of human comradeship, the dark ocean on whose rolling waves we toss for a brief hour; from the great night without, a chill blast breaks in upon our refuge; all the loneliness of humanity amid hostile forces is concentrated upon the individual soul, which must struggle alone, with what of courage it can command, against the whole weight of a universe that cares nothing for its hopes and fears. Victory, in this struggle with the powers of darkness, is the true baptism into the glorious company of heroes, the true initiation into the overmastering beauty of human existence. From that awful encounter of the soul with the outer world, renunciation, wisdom, and charity are born; and with their birth a new life begins. To take into the inmost shrine of the soul the irresistible forces whose puppets we seem to be — Death and change, the irrevocableness of the past, and the powerlessness of man before the blind hurry of the universe from vanity to vanity — to feel these things and know them is to conquer them.

Analise de Teorias expositivas sobre o Determinismo e Previsibilidade

por Priscila Gutierres

1. Resumo

Nesse texto discutiremos algumas das visões que seriam possíveis de ser adotadas e levariam a uma implicação determinista e os erros em que recaem.

2. Noções Preliminares

2.1 Computabilidade

Uma função é computável se existe ao menos uma regra explícita e definida segundo a qual, a seguindo, podemos em princípio calcular o seu valor para um número finito de argumentos. Uma definição rigorosa pode ser encontrada na Referência (1), onde é definida a noção de uma função computável em uma máquina de Turing.

2.2 Determinismo

A partir do dicionário de Filosofia de Cambridge, encontramos o seguinte verbete para determinismo.

“Contemporary determinists do not believe that Newtonian physics is the supreme theory. Some do not even believe that all theories will someday be integrated into a unified theory. They do believe that, for each event, no matter how precisely described, there is some theory or system of laws such that the occurrence of that event under that description is derivable from those laws together with information about the prior state of the system.Some determinists formulate the doctrine somewhat differently: (a) every event has a sufficient cause; (b) at any given time, given the past, only one future is possible; (c) given knowledge of all antecedent conditions and all laws of nature, an agent could predict at any given time the precise subsequent history of the universe.”

2.3 Problemas P e NP

“The P versus NP problem is to determine whether every language accepted by some nondeterministic algorithm in polynomial time is also accepted by some (deterministic) algorithm in polynomial time. To define the problem precisely it is necessary to give a formal model of a computer. The standard computer model in computability theory is the Turing machine, introduced by Alan Turing in 1936 [Tur36]. Although the model was introduced before physical computers were built, it nevertheless continues to be accepted as the proper computer model for the purpose of defining the notion of computable function.”

Ver referência (1)

2.4 Mecânica Quântica

” Quantum mechanics is a set of principles underlying the most fundamental known description of all physical systems at the submicroscopic scale (at the atomic level). Notable among these principles are both a dual wave-like and particle-like behavior of matter and radiation, and prediction of probabilities in situations where classical physics predicts certainties.”

Ver referência (2)

3. Abordagens Discutidas

Necessariamente o determinismo implica a presvisibilidade de um sistema?

3.1. Previsibilidade x Imprevisibilidade

Nesse texto tentarei destituir qualquer erro conceitual a respeito de determinismo que possivelmente poderia levar a sua não-aceitação, e as consequencias da Teoria do Caos à definição dada de Determinismo.

3.1.1. Concepção Laplaceana:

Citação de Laplace:

“ We may regard the present state of the universe as the effect of its past and the cause of its future. An intellect which at a certain moment would know all forces that set nature in motion, and all positions of all items of which nature is composed, if this intellect were also vast enough to submit these data to analysis, it would embrace in a single formula the movements of the greatest bodies of the universe and those of the tiniest atom; for such an intellect nothing would be uncertain and the future just like the past would be present before its eyes. “

Com base nisso, podemos dar a seguinte definição para solucionar o problema acima:

Definição:
Seja um sistema S cuja solução seja dada pelas condições iniciais do sistema S, para t > 0. O sistema S é necessariamente linear e o sistema de suas equações é possível e determinado.

Supondo que o sistema represente uma família de vetores em um Espaço Vetorial V, sabemos que que dadas as condições iniciais do sistema, existe apenas um vetor v pertencente a V que satisfaz as condições iniciais do sistema.

A linearidade do sistema é uma condição necessária para que haja previsibilidade, e mais a diante veremos o porquê.

3.1.2. Teoria do Caos

3.1.2.1 A teoria do caos descreve sistemas dinâmicos, muito sensíveis às condições iniciais do sistema. Como resultado, ele apresenta um nível de crescimento exponencial de perturbações em relação as condições iniciais o que faz com que os sistemas caóticos se pareçam com sistemas randômicos. Vejamos porquê.

A equação logística é um simples exemplo de um sistema dinâmico. Matematicamente,

X_(t+1) = k X_t (1 – X_t), é a equação logística.

onde t pertence a N, X_o a condição inicial do sistema dada, k é um parâmetro dado e X_t é a condição do sistema anterior a X_(t+1).

Consideremos a evolução do sistemas ao longo de t= 1, … ,n:

X_1 = k X_o (1 – X_o)
X_2 = k (k X_o (1 – X_o)) (1 – (k X_0 (1 – X_o)))

…..

Observamos que com a evolução de t, a expressão fica muito grande, assim como a potência de k.

Três regimes são possíveis a dependem do valor que se atribua ao parâmetro k:

a) Ponto fixo

Um sistema está em regime de ponto fixo se, e somente se:
Se t -> mais infinito e lim t-> mais infinito X_t = L, L pertencente a R,para uma certa faixa de valores pequenos de k.

Ou seja, o valor de X(t) tenderá para um limite finito e permanescerá assim nas iterações ulteriores.

b) Bifurcação
Para k maiores, também em uma certa faixa, em iterações sucessivas temos uma oscilação entre 2 valores. Se o k for um pouco maior que isso, temos oscilação em 8, 16, .. , generalizando em 2^(i+3), i pertencente a N valores. É o regime das sucessivas bifurcações e duplicações de período.

c) Caos

Para valores extremamente grandes de k será completamente impossível prever o comportamento do sistema!
Tomemos k extremamente grande. Tomemos um sistema X_t e outro X_T’, com valores inicias respectivamente iguais a X_o e X_o’ e k iguais.Para um dado valor inicial X_o, se tomarmos X_o’ com apenas o último digito de precisão diferente, não poderemos inferir X_t a partir de X_t’. Por isso, dizemos que sistemas dinâmicos são muito sensíveis as condições iniciais do sistema.
No regime do caos, a imprevisibilidade é um dado de princípio para qualquer que seja o grau finito das condições iniciais.

1.2.2 Complexidade

Intuitivamente, podemos dizer a complexidade varia de acordo com a iteração das variáveis de um sistema, isto é, está diretamente ligada a ela. Ou seja, podemos dizer que quanto maior a flutuação das variáveis do sistema e o o grau de interconexão entre elas, o sistema em estudo será mais complexo. Em um sistema não linear a complexidade tende a crescer exponencialmente, dificultando qualquer tipo de previsão . Por isso a necessidade de linearidade para que necessariamente umsistema possa ser previsível em qualquer ponto de seu domínio.
Disto concluimos que a aparente aleatoriedade de um sistema dinâmico em regime de caos se dá pela imprevisibilidade do sistema, ainda que esta [a aleatoriedade] não exista.

3.2. Determinismo

Adotando a seguinte definição de determinismo (da Wikipédia):

Determinismo é a proposição filosófica de que todo evento, incluindo a consciência e comportamento humana, decisão ou ato, é casualmente determinada por uma corrente interminável de ocorrências anteriores. Descuidando-se das possíveis armadilhas semânticas que a definição acima pode ter, a partir do que foi desenvolvido anteriormente podemos concluir algumas coisas. Ora, na definição anterior excluímos a necessidade de previsibilidade do sistema, que faz parte do conceito intuitivo.

Se analisarmos 1.1 não é difícil encontrar um contra-exemplo, podemos citar mesmo casos particulares da Mecânica Quântica. Mas, já excluído o caráter de previsibilidade da condição de existência,em 1.2 encontramos um modelo que se adequa perfeitamente ao determinismo do modo como foi postulado.

Afirmada a consistência da Teoria do Caos no nosso mundo físico, é plausível conceber o determinismo com todos os fenômenos existentes e reduzíveis a ele. Portanto, não mais seria possível utilizar exemplos da Mecânica Quântica ou de qualquer outra área que a princípio parece ser um paradoxo ao determinismo.

4. A Crítica

A crítica será direcionada ao segundo texto apresentado (abordagem utilizando sistemas dinâmicos), sabendo-se que a crítica a concepção laplaceana pode ser perfeitamente tirada como um corolário do que segue abaixo.
O texto tentou demonstrar que a realidade é estritamente determinada. Porém, a primeira coisa a salientar a respeito do desenvolvimento, é a natureza dos problemas estudados. Podemos em primeira instância classificar os problemas em três tipos: os problemas possíveis de serem resolvidos analiticamente ou numericamente e os não-solúveis. Na primeira categoria, temos os problemas a partir da qual podemos encontrar uma solução analítica e a partir dai ter uma idéia razoável de como ele irá se comportar. Já o segundo tipo de problema, precisamos calcular numericamente, frequentemente usando técnicas de integração numérica, a solução do problema para um dado número finito de argumentos. O terceiro problema se encaixa nos problemas indecidíveis, como por exemplo o problema da ‘halting machine’. Assim, conclui-se que há uma solução analítica e solúvel em tempo polinomial para todos os sistemas físicos.

Mais que isso, analisando o contexto do texto e supondo que P=NP, condição necessária para a validade da sugestão que ele faz,seria quase impraticável a análise experimental de um sistema dinâmico uma vez que supondo a variação do sistema se de em um intervalo de tempo dt e as condições iniciais variando em intervalos infinitesimais também, teríamos uma imprecisão muito grande o que faria com que uma análise experimental estivesse fadada ao fracasso. Uma sugestão para esse problema específico seria parametrizar o sistema em uma máquina de turing em função de outros parâmetros que não seja o tempo, que é exatamente o parâmetro utilizado para caracterizar um sistema dinâmico. Por exemplo, supondo S¹ um sistema que descreve o sistema em um intervalo dt real teríamos um número infinito de sucessivas interações, o que impossibilitaria uma análise experimental consistente e precisa.

Do que foi exposto até agora, podemos dizer que as duas visões apresentadas no textos estão erradas. A primeira, porque assume que o mundo físico é determinado por equações lineares, e assim computáveis. A segunda, porque assume disfarçadamente a mesma postura, mas desta vez postulando que P=NP.

Tangenciando a questão filosófica de determinismo, podemos afirmar que, de acordo com o verbete extraído do dicionário filosófico de Cambridge, a noção dada no texto assume a visão do item (b) e portanto está correta.

Já em relação à Mecânica Quântica, tudo o que temos do sistema é uma distribuição de probabilidades do estado do mesmo, o que a princípio não elimina a possibilidade desse ter um estado determinado.

5. Conclusão

O problema está em aberto. É impossível através da abordagem adotada anteriormente provar a determinação do mundo físico. Talvez alguma outra abordagem dê conta de encontrar argumentos a favor, ou quem sabe, contra.

5. Referências

(1) http://www.claymath.org/millennium/P_vs_NP/Official_Problem_Description.pdf
(2) http://en.wikipedia.org/wiki/Quantum_mechanics