Arquivo da categoria: Expansão de Consciência

10 Razões pelas quais estou indo embora

Ao longo dos últimos anos, milhões de pessoas imigraram para os EUA, pelas mais diversas razões. Algumas delas são Einstein, Schwarzenegger, Freud, Pelé, Elon Musk, Rodrigo Santoro, Anthony Hopkins, Max Tegmark, Edir Macedo, Steve Pinker, Daniel Dennett, Aubrey de Grey, Bob Marley, John Lehnnon, Ang Lee, Isabel Allende, Ironicamente Levi-Strauss, Chaplin,  Yao Ming,  e Yo-Yo Ma.

Tomemos o exemplo de Elon Musk, o verdadeiro homem de ferro, gênio, bilionário, playboy, filântropo, pai de 5.  Originalmente Sul-Africano.  Because when children like Elon Musk attain the kind of self-awareness that leads to questions about environment—Where in the world can I go for the license and the room to do what I must do? Where in the world are my peers?—they always, and still, come to the same conclusion.

Elon Musk knew when he was a child. A remarkable conviction for a child to have, and all the more so because there was no specific dream attached to it. There was no “to build rocket ships” or “to make millions” or “to design computer software.” Instead, Elon (pronounced ee-lon) had this thought, consciously, literally, and at the age of 10: America is where people like me need to go. That is where people like me have always gone. A place that was the photographic negative of apartheid South Africa, a place less encumbered than any in the world, ever, by fear.

“It is as true now as it has always been,” says Elon Musk, the man who is endeavoring—as preposterously as he is credibly—to give the human race its biggest upgrade since the advent of consciousness. “Funny how people seem to have forgotten that. But almost all innovation in the world takes place in the United States.”

Não sou nem de longe inteligente como o Elon, e por isso, o que ele percebeu aos 10, eu percebi aos 26. Mas em verdade, minhas razões positivas para ir para os EUA são fáceis de encontrar. Qualquer imigrante pode dizê-las. Vou concentrar-me aqui em lhe contar as 10 razões negativas pelas quais vou-me embora. As razões pelas quais preciso, e quase todos precisamos sair daqui.

Digo quase todos porque creio que essa afirmação seja mais válida para quem tem score alto no big 5 personality traits em Conscientiousness, Openness to experience e Extroversion.   Para vocês, minhas razões pelas quais “Nessa terra a dor é grande a ambição pequena, Carnaval e Futebol”, cada uma divida em 5 partes; O que é? ; Exemplo Prático; Porque é Importante? ; Como tranformar sua vida nessa direção; O que você ganha com isso?

1) Dever Ser e a Falácia Naturalista

O que é?

Dever não é Ser, Bom não é Verdadeiro. (E a Falácia Naturalista)

 O raciocínio, ao ser utilizado para pensar a maneira que o mundo funciona deveria funcionar de uma maneira não enviesada, e isso significa basicamente uma das coisas mais difíceis de se aceitar para algumas pessoas, que é que o mundo não tem maior probabilidade de se comportar da maneira que você deseja somente porque você assim deseja, o mundo funciona como funciona, e ele não leva em consideração nem o que você considera moralmente bom, nem como você crê que ele deveria ser. Suponha que astrônomos descubram que não haverá um eclipse na terra pelos próximos oitenta anos, e que por alguma razão a mídia mundial divulgasse a notícia como chocante, com o seguinte título: “Toda Uma Geração Humana Ficará Sem Poder Ver Eclipses.” Bem, se as notícias fossem suficientemente convictas, provavelmente haveria uma grande quantidade de pessoas que fortemente desejariam que houvesse um eclipse em suas vidas, do fundo do coração. Mas não é bem provável que alguém começasse a realmente acreditar que haveria um, independentemente de quantas pessoas concordassem que o mundo seria um lugar melhor se houvesse. Isso é facilmente compreensível para qualquer um, mas o mesmo raciocínio não se aplica, por exemplo, à maneira que as pessoas tendem a pensar sobre a natureza humana. Se mostramos a alguém um estudo que diz que algumas pessoas são mais inteligentes que outras biologicamente, ou que homens têm maior probabilidade de estuprar porque nossa espécie é neotênica, a maioria das pessoas diria: “Blasfêmia! Você está tentando justificar terríveis comportamentos baseado na natureza e portanto sua concepção de natureza não pode ser verdadeira. ” “Justificar” é uma palavra bastante ambígua e traquinas, já que pode significar tanto justificar eticamente como logicamente, o que são significados bastante distintos. Nos dois casos considerados, a pessoa que mostra o artigo está de fato tentando justificar logicamente uma razão pela qual algumas pessoas são mais inteligentes e também a razão pela qual algumas pessoas tem tendência a estuprar. Esse tipo de justificativa significa que ele está tentando dar uma explicação, uma maneira de ver, de porque as coisas são como são, de quais fatos do mundo, juntos, geram alguns fenômenos como inteligência diferencial e estupro. Dizer que esses fenômenos são altamente determinados por predisposições biológicas para uma arquitetura cerebral escrita no código genético não é em nenhum sentido possível concordar que essas coisas sejam boas, não é senão concordar que elas são reais, ou muito provavelmente reais.

Por outro lado, a pessoa mostrando os estudos não está tentando mostrar que o mundo deveria ser assim, a maneira como o mundo deveria ser não é o estudo da ciência, nem da filosofia analítica, é o estudo da política, filosofia moral e ética, religião, tecnologia etc…

A compreensão do fato de que a natureza não justifica eticamente nada, ela apenas justifica logicamente, é um importante aprendizado para qualquer um que queira discutir a respeito das coisas do mundo sem um viés ético. O viés ético vem da falácia naturalista, como G. E. Moore chamou esse tipo de desentendimento, ou da confusão entre dever ser. A falácia naturalista e o problema da confusão do que é com o que deveria ser, são, na minha opinião, os fatores dirigentes por trás do relativismo que estupidifica e massacra a possibilidade de aprendizado. São a principal força que opera contra a possibilidade de aprender em nível individual, grupal e institucional. São a desculpa perfeita para manter seus preconceitos e seu nível de conhecimento atual, e fingir para si mesmo que se está justificado.

Exemplo Prático.

Disse um sábio chinês: A morte dá sentido a vida.
Respondeu Ivain: Qualquer idiota pode lhe dizer porque a morte é horrível, mas é necessário um tipo muito particular de idiota para acreditar que a morte seja boa.     

Porque é Importante.

Fiz meu melhor ao longo de anos para convencer as mais inteligentes mentes dessa ideia simples, obviamente verdadeira, mas a falácia foi mais forte. É necessário partir para onde ela já foi eliminada. Um lugar onde não confundimos “Coisas totalmente absurdas proferidas por figuras de autoridade de maneira misteriosa e sem explicação” com “sabedoria”.

Como transformar sua vida nessa direção

Nunca deixe um argumento pronto que ouviu há anos dominar sua capacidade de raciocinar sozinho, e procure investigar se sua crença não foi causada por um fator ambiental tal, que se você tivesse nascido na situação oposta, teria  a opinião oposta. Se vivesse num universo em que todos os seres humanos tem vidas parecidas com as nossas, salvo que são imortais, você inventaria a morte? Você defenderia a morte? Você lutaria não só pelo direito, mas pela obrigação de morrer, de maneira lenta, angustiante e imprevisível?

O que você ganha com isso?

A capacidade de pensar fora da caixa dos preconceitos que a sociedade lhe impôs. A chance de viver uma vida melhor do que a que o sistema programou para você.

2) Não se importe com o que os outros pensam. Eles não pensam.

O que é?

Não há uma maneira agradável de dizer isso. Mas ninguém ao seu redor faz ideia de absolutamente nada. Somos uma espécie jovem que apenas agora atingiu um estado mínimo de globalização e compartilhamento de conhecimento. Peter Thiel, o primeiro investidor do Facebook, filósofo bilionário e criador do Paypal sumariza bem ao falar de como ninguém sabe o que fazer com dinheiro:
Acho que isso realmente é o que acontece em grande medida: Você começa um  negócio bem sucedido, você vende a compania ou ações. Você ganha algum dinheiro. Questão: O que você faz com o dinheiro? Você não tem ideia, porque… ninguém sabe o que fazer com nada. Então você dá o dinheiro para um grande banco lhe ajudar a fazer algo. O que o banco faz? Ele não tem ideia, então ele dá o dinheiro a um portfolio de investidores institucionais, e o que eles fazem? Eles não tem ideia. Então colocam o dinehiro num portfolio de ações. Não numa ação específica, porque isso sugere que você tem opiniões, ou ideias, e isso é perigoso porque sugere que você não participa [da ideia prevalente de um futuro indeterminado mas otimista]. E então o que as companias fazem com o dinheiro? Disseram para eles que eles devem gerar free cash flows (fluxos de caixa livres) porque se eles fossem investir o dinheiro em coisas específicas, o que é um problema porque sugere que você tem ideias, e essa é uma das piores coisas nessa visão de mundo de um futuro indeterminado, aleatório mas otimista que domina a sociedade atualmente.

Exemplo Prático.

É muito comum as pessoas fazerem as principais escolhas de suas vidas confundindo razões instrumentais (como o dinheiro) com razões finais (como “nadar numa piscina morna 2 vezes por semana com amigos comendo churrasco). O exemplo mais comum é fazer um curso de graduação. A pergunta que fazemos as crianças e adolescentes sempre é “o que você quer fazer de faculdade?” quando evidentemente deveria ser “Que problemas você gostaria de resolver?” “Como você pretende ajudar os outros?” ou algo similar. Não é de se admirar que todos se sintam perdidos na faculdade, afinal, até chegar nela, lhes foi dito que a faculdade era o objetivo. O mesmo vale para empregos.

Porque é Importante.

Absolutamente nada do que você faz deveria ser sem propósito. E a cadeia de “Por que?”, a qual qualquer criança é capaz de proferir para seus pais tem necessariamente que se encerrar em um de seus objetivos finais. Se ela não está fazendo isso, você não deveria estar tomando essa ação. 

Como transformar sua vida nessa direção

Para cada ação que leve mais de 10 minutos, imagine uma criança adorável lhe perguntando por que você vai fazer aquilo. Assim que você chega numa razão final, ela sorri, lhe dá um chocolate e lhe abraça. ex:

  •  Procurando imagens para o TCC -> Ter um bom TCC -> Ser aprovado na universidade -> ter um curriculo interessante a empresas  no Rio de Janeiro -> Viver no Rio de Janeiro -> adoraria poder ver o mar pela manhã e caminhar na lagoa aos sábados.
  •  Dançar forró -> Dançar forró
  • Fuçar o facebook de fulano -> fulano tem ideias interessantes -> ler ideias interessantes
  • Ser promovido -> ganhar mais dinheiro -> enriquecer -> ser rico -> XXXXX

No último caso a cadeia de raciocínio não se encerra num valor final, e a criança esperneia e chora até você abandonar aquela ação.

A parte mais fundamental é descobrir o que de fato são seus objetivos finais, sobre o que falarei mais a frente.

O que você ganha com isso?

Não passar pelo problema apontado lindamente por Lehnnon: Life is what happens while you are planning the future. Isto é, não viver uma vida em busca de objetivos instrumentais.

What we are doing is we are bringing up children and educating them to live the same sort of lives we are living… in order that, er, that they would-may justify themselves and find satisfaction in life by bringing up their children to bring up their children to do the same things so it’s all retch and no vomit — it never gets there. (Alan Watts)

3) Seu recurso mais valioso é o que você ignora consistentemente

O que é

Você sente isso  na aceleração da internet, nas maneiras cada vez mais viciantes de se manter um usuário conectado a um site, nos balões vermelhos lhe avisando de cada nova atualização do Facebook. Você sente isso quando vê que cada dia mais tem menos tempo para os amigos, para as leituras, para meditar, para estar só. Mas não é imediato perceber o que é o problema. O problema é que o mundo está acelerando a capacidade de invadir seu espaço psicológico e dominar sua mente. Sua atenção está sendo sequestrada por gangues cada vez mais eficientes. E se você não lidar com esse problema de maneira atenta e tomando a perspectiva de terceira pessoa, vai se tornar um marionete de um sistema que evoluiu exponencialmente rápido para extrair seu tempo, recurso, motivação e dinheiro, e está cada vez lhe arrancando mais, até que sua alma se dissolva completamente num autômato desajeitado.

Exemplo Prático.

Existem pessoas que não usam ADblock, pessoas que pagam pelo farmville, pessoas que pagam por cartas cada vez mais caras e raras de Magic (como eu), carreiras cada vez mais concentradas de pasta base de cocaína, músicas cada vez mais proeminentes em seu apelo aos instintos básicos, como o funk carioca. Existem pessoas que se perderam para sempre dissolvidas em séries americanas cada vez mais incrivelmente cativantes. Milhões de brasileiros assistem novela. E se você se sente superior por assistir Breaking Bed, Lost, Friends, How I met your mother, ou jogar GTA V, Civilization IV ou passar horas por dia checando sua caixa de Email e Facebook, pense de novo. Obrigado por fumar:

Porque é Importante.

Quando ligam na sua casa para vender um seguro de bla bla blá as oito da noite, você se revolta. O mesmo deveria acontecer quando a Folha, o Estado, a Veja, a Men’s health, ou qualquer informação sobre os afazeres da Jennifer Anniston ou a Miley Cyrus penetram sua retina e se alojam confortavelmente em seu cérebro. É absolutamente evidente que é a seguradora quem lucra com aquela ligação e não você, se não eles não ligariam. Você sabe disso. O que você esquece é do contrário. As grandes coisas da vida. Aquilo que mais lhe interessa, seus objetivos mais caros, profundos e finais nunca vão ligar em sua casa para perguntar se você os deseja. Raramente uma pessoa se dá ao trabalho de contar grandes experiências e com o advento da internet, isso ajudou-nos a descobrir coisas interessantes. Mas todas as coisas da vida que estão na intersecção “se você soubesse que é uma possibilidade, ia ser espetacular, incrível, uma grande oportunidade, e divertidíssima para você” e “não é lucrativo nem particularmente desejado por outras pessoas” estão no lado escuro da lua.  Ninguém virá falar sobre elas, e encontrá-las deveria ser um esforço seu, afinal, são as coisas que você mais valoriza, por definição.

Como transformar sua vida nessa direção

Elimine a informação que é arremessada contra seu crânio pela mídia, destrua seu Newsfeed do Face com o app Newsfeed Eradicator. Instale o ADblock, pare de fumar e se pergunte, toda vez que você clicar num hiperlink “esse seria um bom momento para desconectar o cabo da internet por 20 minutos, para ter certeza que eu não entre numa cadeia interminável de hiperlinks?
Precisamos sair daqui porque da mesma maneira que aqui se confunde misticismo misterioso arcaico com sabedoria, aqui se confunde “dieta de pouca informação” com “neurose”. É um estado de calamidade pública e privada.

O que você ganha com isso?

A oportunidade de descobrir quem você é e o que você quer. Tempo para pensar, criar, dançar e sentir. E um estado mais relaxado e menos taquicárdico diante da vida.

4) Tome a perspectiva de terceira pessoa sobre si mesmo semanalmente

O que é

Lembrar-se de pensar tanto na desimportância global da sua ação e suas preocupações, como da importância que você espera que essas coisas tenham em diferentes fases da vida. O que realmente interessa quando você olhar para trás no futuro, ou  quando você olhou para frente no passado.

Exemplo Prático.

Conjectura de Caleiro: Ao olhar a vida na direção inversa, partindo do dia em que morremos, a incerteza sobre quantos anos temos nos faz muito mais tranquilos e menos competitivos com relação a pessoas que, na contagem normal, tem nossa idade, mas parecem estar mais “avançadas” em alguma coisa do que nós. Se você não sabe se tem 25, 35 ou 50 anos, faz muito menos diferença ser o CEO ou não da companhia, estar dando aulas de inglês ou morar com seus pais.

Porque é Importante.

Acredito que 80% das pessoas parariam de se preocupar com 80% de suas preocupações cotidianas se pensassem assim. E provavelmente deixariam de fazer muita coisa desnecessária, e finalmente teriam coragem de tomar aquela iniciativa que a tanto vem postergando.

Como transformar sua vida nessa direção

Passe cinco minutos perguntando a si mesmo se ao olhar para trás, em 20 anos, ou aos mais românticos, em seu leito de morte, você se arrependeria mais de tomar essa ação ou de não tomá-la. Aja para satisfazer aquele sujeito que não está tão mesquinha, egoista e pequenamente imbuído no seu contexto específico e suas circunstâncias atuais. Pense no que você recomendaria a outra pessoa nessa situação.

O que você ganha com isso?

A garantia de poder olhar para trás e cantar My Way ao fim de sua vida. Esse sim é um objetivo final que vale a pena ter.

5) O triângulo das 3 vidas possíveis (Experiencial, Otimizadora e Altruista) e descobrindo onde você se encontra nele.

rgb-triangle

O que é

Até onde compreendi, existem apenas três direções para guiar nossas ações e vida que fazem sentido. Todos os pontos do plano contidos nesse triangulo são logicamente sustentáveis, e possivelmente defensáveis como forma de vida, como distribuição de alocação de recursos psicológicos. Qualquer ponto fora do triângulo, dentro ou fora de seu plano, é um erro e deve ser corrigido. A descrição das extremidades dá o limite máximo de uma característica. o baricentro portanto seria alguém que age igualmente nas três direções possíveis. Isso pode ser feito tanto mesclando numa só ação dois tipos de objetivos, como também distribuindo seu tempo entre ações distintas na proporção em que o seu ponto dista de cada extremidade (quanto mais próximo, mais tempo dedicado aqula atividade).

  • Uma pessoa vermelha deseja mudar um aspecto do mundo de uma maneira específica: Gaudí construiu estruturas específicas com um determinado design, e optimizou o mundo para que ele tivesse mais dessas estruturas. A palavra chave é otimizar, é o pensamento cibernético, é maximizar a probabilidade de que algum elemento do mundo seja de uma determinada maneira, é Rockfeller, estabelecendo como Nova York será, é uma criança construindo um barco de lego. É definir um conjunto de objetivos e encontrar o conjunto mínimo de ações que garante que aquelas modificação serão feitas. É o que liga o engenheiro e o artista.
  • Uma pessoa verde é um altruísta. Não existe altruísmo ineficaz exceto como falha cognitiva. O altruísmo é querer maximizar o benefício aos outros independente de quem eles sejam (um altruismo puramente intra-familiar por contraste seria uma pessoa vermelha, ela deseja um mundo com uma propriedade específica para um grupo específico). Um altruísta eficaz tem seu modelo de vida em Peter Singer e Paul Cristiano, e no momento, dado nosso nível de desconhecimento dos problemas do mundo, se ocupa de compreender melhor quais são as tarefas mais importantes fora a única que sabemos até o momento, evitar riscos existenciais, que cortem permanentemente o potencial futuro humano. Bostrom pode ter encontrado a única certeza ética que temos até o momento, e Elon Musk pode estar tentando alucinadamente resolver esse problema. Mas qualquer outro altruísta só poderia estar procurando novas certezas, ajudando Musk a nos colocar em Marte, ou financiando uma dessas duas tarefas. Qualquer outra atividade, de visitar centros espíritas à distribuir o sopão, de promover o software livre a melhorar a educação brasileira, de doar tempo para o movimento muda mundo, é ou um erro epistêmico (um desconhecimento a respeito de algum aspecto do mundo) ou uma forma atravessada de misturar uma sensação quentinha no peito (causada ou por aspectos vermelhos os azuis) com imaginar a si mesmo como um altruísta. É um auto-engano ou um equivoco. E as únicas pessoas que sabem isso e vivem isso estão lá e não aqui.
  • Uma pessoa azul é um experiencialista, o foco de seus desejos e objetivos não está num objeto descritível fisicamente, mas num conjunto de experiências, ou tipos de experiências. Ao invés de querer mudar a cidade de São Paulo, ele deseja saborear as melhores lasanhas de São Paulo. Ao invés de querer aumentar uma quantidade objetiva de vidas de infindável diversão que alguém viverá no futuro distante caso a terra não seja destruida e atinjámos a maturidade tecnológica, ele quer sentir o prazer de resolver uma determinada equação que, por acaso, levará a humanidade a conquistar o espaço. Ou até mesmo ele quer a experiência de ter feito um ato genuinamente altruista, de ter visitado a extremidade verde por um dia. Mas na sua cadeia de porquês, o ato de altruísmo não está sublinhado, a sensação de executar o ato de altruismo é o último elemento da cadeia. O mesmo vale para um grande projeto vermelho, como escrever um livro. Um experiencialista que escreve um livro almeja não um mundo que contenha aquele livro, mas a sensação de escrevê-lo, a sensação de ser lido, a sensação de ser reconhecido como um autor e assim por diante. Um verde ou um vermelho poucas razões têm para usar drogas que comprometam sua habilidade de mobilizar a matéria, um azul não padece do mesmo tipo de desconforto. Não há problema em viver numa tribo por meses, passar um dia no parque, ou até assitir uma série viciante, porque a própria experiência tem valor.

Exemplo Prático.

Você doa seu tempo num sábado para a campanha do agasalho, mas acha que está fazendo uma ação verde. No entanto, sua ação é claramente vermelha. Você acha que quer escrever um livro para que ele exista (vermelho) mas na verdade, o que você deseja é tornar-se atraente (azul). Você acha que fuma maconha porque isso lhe dá boas ideias (vermelho), mas fuma pela experiência (azul) ou por vício (fora do triângulo, já que não é justificado).

Porque é Importante.

É fundamental se situar nesse triângulo. Na medida em que houver qualquer verde em você, é fundamental saber que há pouquíssimas ações legitimamente verdes. A cada ação, é interessante saber se sua razão é azul, vermelha ou verde. E ao longo do processo, compreender onde se está na escala do roxo (que liga o azul e o vermelho) serve para orientar e reformar seus objetivos de curto médio e longo prazo. E para distribuir seu tempo.
Precisamos sair daqui porque menos de 100 pessoas dentre as 7 bilhões vivas e as 70 bilhões que já existiram compreendem plenamente a extremidade verde. E por isso mesmo ela é de extrema importância. Todos os atos verdes feitos no passado foram feitos, por assim dizer, por acaso. Mas agora isso não é mais necessário. Lá há mais vermelho que aqui. Lá, existe verde. Eu gostaria de dizer que aqui somos azul-arroxeados, como provavelmente sua intuição está lhe fazendo pensar agora. Mas na verdade, aqui somos apenas confusos. Ninguém sabe o que fazer como nada, lembrando as palavras de Thiel, um dos 100.

Como transformar sua vida nessa direção

Localize seu ponto no triangulo. Toque-o, pense nele consistentemente. Verifique até que ponto suas ações estão deixando uma extremidade valiosa de lado. Você é um azul, mas achava que era vermelho? Corrija isso.

O que você ganha com isso?

Para cada ação, você saberá que deve tentar encontrar sua “projeção” mais próxima no triângulo, já que nenhuma ação fora do triângulo é justificada (se eu estiver correto). Essa simples heurística irá regular muito melhor seu tempo e pensamento sobre como viver.

6) O diagrama de Venn que decide o próximo projeto.

O que é

Diagrama Venn Ações  vida

Exemplo Prático de um erro:

As poucas pessoas que procuraram um pensamento diagrâmico chegaram a uma péssima conclusão, de diagrama de venn para a vida.   Eles acreditam que a vitória está na intersecção de

O que você amaO que você pode ser pago para fazer, Coisas nas quais você é bom. 

Um problema desse diagrama é que ele confunde dinheiro com valor. O que é valioso para você não necessariamente, mas possivelmente envolve dinheiro. A bolha correta diria “o que produz valor para você”.   Outro problema é que ele mistura valor (vermelho) com amor/tesão (azul) sem deixar isso claro, e muitas vezes, dividir o tempo é melhor do que tentar fazer um multitasking colorido interatividades, misturar todas as corres leva a um marrom opaco e feio, dividi-las em sua pintura pode gerar uma linda composição. Um outro problema, muito mais grave, é que ele não leva em conta contrafactuais, o que aconteceria se você não fizesse aquilo. Para objetivos azuis, experienciais, todo o valor é perdido quando você não faz aquilo, mas no caso dos objetivos verdes ou vermelhos, a situação é muito diferente. Nesse caso é necessário se perguntar o que aconteceria, exatamente, se eu não executasse aquela ação. Alguma outra pessoa ou agente faria a mesma coisa? Se sim, o valor verde ou vermelho gerado seria o mesmo. E vale a pena partir para outra atividade.

Porque é Importante.

O diagrama que decide os projetos que valem a pena executar (a intersecção amarela, entre o verde e o vermelho) só tem valor para o verde e o vermelho, que tem objetivos no mundo. Mas para objetivos fora do campo da experiencia, fora do azul, só as ações e projetos amarelos são justificados. Não faz sentido, em objetivos finais vermelhos ou verdes executar qualquer ação fora do amarelo.  Apenas objetivos azuis ou objetivos instrumentais devem permitir-nos sair do campo do amarelo.

Como transformar sua vida nessa direção

Use o diagrama, nunca faça nada vermelho ou verde que não esteja na intersecção amarela.

O que você ganha com isso?

Seus objetivos de fato vão acontecer, e você não precisará se resignar a fingir o feng-shui da sua casa está ampliando a harmonia cósmica, que rezar é eficaz, que astrologia diz algo fundamental sobre a realidade. Você estará de fato agindo no mundo, e não se enganando a respeito. Suas ações terão consequências de verdade. Ao invés de inventar desculpas para porque você falhou, você estará sempre em busca de como conseguir de verdade. Dá medo né? Esse medo impediu muita gente de ir pra lá, então por um efeito de seleção, é lá que estão aqueles que ultrapassaram o medo.

7) Esvaziamento da mente e libertação da criatividade

O que é

Usar um sistema Getting Things Done para liberar espaço psicológico e motivacional. Um sistema Getting Things Done é um esquema desenvolvido por David Allen, que uma vez implementado, faz com que cada pensamento só tenha que passar por sua cabeça uma vez. A mente é para ter ideias, não para retê-las, ou re-têlas.

Exemplo Prático.

Não faz a menor diferença quanto você pensa hoje sobre a conta que só pode pagar amanhã, quanto pensa no ônibus sobre  a proposta que só pode escrever no computador, e quanto lembra que precisa de leite quando não está no supermercado. Se seu sistema para lembras as coisas é o cérebro, ele não foi feito para isso, e está sobrecarregado. É necessário externalizar as ações que tem que ser feitas por seu eu futuro. E estar sempre com a mente livre para criar. A única coisa que você precisará se lembrar é checar seu GTD diariamente. Melhor do que todas as perturbações que estão na sua cabeça sobre o que tem que fazer na próxima semana, não?

Porque é Importante.

Tempo, stress, habilidade de manejo.

Como transformar sua vida nessa direção

https://thepiratebay.se/search/getting%20things%20done/0/7/0

O que você ganha com isso?

Paz mental interior.

8) Você é resultado do ambiente ao seu redor. Modifique-o de acordo.

O que é

Você é a média das cinco pessoas com quem passa mais tempo. – Jim Rohn.
Elon Musk decidiu onde estar aos 10 anos. Eu aprendi aos 26. Tim Ferriss considera esse o melhor conselho que ele já recebeu. Cito Milton Friendman: I do not believe that the solution to our problem is simply to elect the right people. The important thing is to establish a political climate of opinion which will make it politically profitable for the wrong people to do the right thing. Unless it is politically profitable for the wrong people to do the right thing, the right people will not do the right thing either, or if they try, they will shortly be out of office.

Eu estou indo embora para mudar a mecânica de incentivos que me circunda. Para ser parabenizado por pensar e não ter de ouvir a pergunta: “Você não cansa de pensar?” Para odiar a morte e não ser recebido com desdém e desaprovação, para poder querer mudar o mundo e não precisar explicar porque não estou ocupando minha vida com valores familiares, para falar sobre equações e gerar sorrisos, para escrever longos textos e não ser considerado entediante. Estou indo cercar-me de “5 pessoas” muito melhores do que eu, às quais eu admirarei e com as quais aprenderei, e como um primata social que sou, serei paulatinamente adestrado a ser awesome, sem conflitos internos causados por incentivos externos.

Exemplo Prático.

Como a criogenia é mais tabu do que a bondade, quando passei a falar mais de altruismo eficaz, eu esperava receber mais aprovação e menos olhares e comentários normativos – isto é, olhares cuja função é que um terceiro, que veja o olhador e o olhado, considere que o padrão de um grupo é a opinião do olhador – Menos repreensão social. Infelizmente não é o caso. Querer ser congelado para talvez viver centenas de milhares de anos incomoda a moral das pessoas exatamente o mesmo tanto que tentar ser quantitativamente bondoso, tentar, de fato, fazer o bem, e não ter a experiência azul fingindo que ela seja verde. O verde incomoda tanto quanto o desejo de viver.  Como é possível que essas coisas incomodem é algo que só tomando a perpectiva de terceira pessoa, bem distante, eu consigo aceitar sobre as pessoas. Que alguém realmente se sinta na necessidade de justificar o não altruismo, e também de defender a morte, é algo que só pode ser aceito depois de muito respirar fundo e aceitar a medíocre condição de espécie levemente mais inteligente que as lesmas. Me deixa confuso, me dá asco como um pedaço de carne esburacado repleto de baratas, e me lembra que para onde vou não há baratas, ou melhor dizendo, é possível ignorar baratas com uma dieta de informação adequada e factível.

Porque é Importante.

First, they ignore you, then they ridicule you, then they fight you, and then, you win – Mahatma Ghandi
É importante porque pula as fases dois e três.

Como transformar sua vida nessa direção

Responda 100 perguntas sobre você no ok cupid, vá no algorítmo de busca de  Friend Match, e Love Match, e anote as cidades onde mais tem gente que pensa como você. Mude-se para lá.

O que você ganha com isso?

Nunca mais ter de ouvir sua tia explicando como o papa é uma pessoa pura e importante cujas opiniões são particularmente sábias logo após voltar do Future of Humanity Institute em Oxford.

9) Tome a perspectiva Meta sobre si mesmo

O que é

Quando estiver numa conversa, não pense apenas no discurso que está de fato sendo falado, mas nos discursos subliminares. Primeiramente, é claro, nas intenções que aquela pessoa tem com aquela conversa, e naquilo que você quer extrair daquela conversa. Depois em quais instintos podem estar causando seu padrão de fala e gesto. E ainda no que consciente ou insconcientemente está sendo sinalizado ali.

Exemplo Prático.

Frequentemente eu me encontro em conversas sobre relacionamentos pessoais de outras pessoas. Em particular relacionamentos românticos. No entanto eu efusivamente prefiro os universos em que é impossível conversar sobre relacionamentos amorosos, presentes passados ou futuros, com terceiros. Eu só lembro disso quando tomo a perspectiva Meta e percebo que de alguma maneira ou o meu instinto, ou a vontade da outra pessoa dominou o curso da conversa, e estamos fazendo fofoca como um chimpanzé faria catação de piolhos. Isso abre a possibilidade de dizer que não gosto de falar sobre isso e sugerir outra conversa, de transformar a conversa numa intersecção desejável (por exemplo falar sobre relacionamentos em geral, o que me diverte muito), ou de dar o máximo do que suponho que a outra pessoa queira extrarir da conversa o mais rápido possível e sumir dali para falar com alguém que queira salvar o mundo, discutir o cortex visual, ou dançar contato improvisação.

Outro bom exemplo é fazer atividades de cortejo na web. Cortejar alguém de outra cidade por exemplo é extremamente ineficaz, e só no nível Meta é possível perceber que a razão (instinto + vontade de estabelecer um relacionamento pessoal envolvendo toque) pela qual você está subconcientemente fazendo aquela atividade não é justificada, e mudar de ação.

Porque é Importante.

Principalmente para combater nossos vieses instintivos. A tendencia humana é fazer fofoca, falar sobre autoridades e celebridades, falar sobre a vida sexual e moral de amigos em comum, e falar sobre os eventos recentes (por exemplo o último episódio de uma série ou um terremoto no japão, ou a nova ministra da educação). Todos esses assuntos são 90% dos casos irrelevantes (não se encontram na intersecção amarela, e não são azuis). Assim sendo 90% do tempo fofocado deveria ser gasto em outras coisas.

Como transformar sua vida nessa direção

Não tenho certeza. Como o instinto está em você como está em mim, é difícil contê-lo. É bom estar atento. Com pessoas mais abertas, estabelecer explicitamente a regra de não fofocar – e não falar sobre como seu porre foi homérico etc…   Uma ideia boa que nunca consegui testar é imprimir numa camiseta uma lista de coisas que você não quer conversar a respeito e de coisas que quer, de modo que você pode apenas culpar a camiseta por não querer fofocar, e ao mesmo tempo fornecer de pronto uma lista de tópicos para que seu interlocutor escolha aquele que mais interessa.

O que você ganha com isso?

Não saber o nome da mulher que casou com o príncipe inglês. Falar frequentemente do que realmente lhe interessa. Ser considerado um bom ouvidor por procurar saber o que realmente o outro quer da conversa. Manter uma conversa por mais tempo trocando de tópico toda vez que a outra pessoa pareça menos interessada. Não ser um chato que só fala de si mesmo.

10) Leve a vida a sério

O que é?

Levar a vida a sério é pensar, sentir, viver e ondular da maneira como pensa esse texto. Não é escrever textos, não é analisar tudo minuciosamente, é levar as coisas a sério. Você só tem essa vida, eu também. Viva cada dia da sua vida como se daqui a quatro anos você fosse morrer. Se vai jogar, Jogue. “If it is worth doing, it is worth doing well” – Dennett.  Levar a vida a sério não é cuidar bem dos móveis da sua casa. É poder cantar my Way no seu leito de morte. É poder ser o autor do livro “My Wicked, Wicked Ways”, é ser um jogador da NBA, se aposentar e escrever um livro de costura para homens. É jogar volei com um gatorade e chamar 40 pessoas por telefone para um piquenique (nos tempos pré Facebook). É criar uma copia perfeita do falcão negro. É usar drogas como Timothy Leary. É deixar de ser CEO da Mycrosoft para acabar com a doença que mais mata pobres no mundo. É roubar um selinho na quarta série. É só começar projetos que você realmente levará a cabo. É abraçar homens sem dar tapinhas nas costas. É penetrar e ser penetrada no melhor sexo da sua vida. É levantar 150 kg do chão. É correr um triatlon. É escapar do “its all retched and no vomit”.

Exemplo Prático.

Eu costumava brincar de dividir alguns amigos da classe alta paulistana em aristocracia decadente e aristocracia triunfante. A aristocracia triunfante é o processo bem sucedido da geração dos pais de vender seus medos e suas morais aos filhos, impedindo que eles vivam de maneira autêntica e própria e tornando-os, portanto, cidadãos de bem. A aristocracia decadente, evidentemente superior, é a geração de filhos que foi por caminhos alternativos àqueles oferecidos por seus pais e pela família Marinho e acabaram-se tornando, em alguma medida, anomalias da estrutura social da alta sociedade. E Paul Graham explica bem esse problema em Why Nerds Are Unpopular. Basicamente o custo de sinalização de se tornar aquilo que a sociedade espera de você é tão alto, que não sobre tempo para ser obcecado com alguma coisa (nerd). E também em How to do what you love:  “The advice of parents will tend to err on the side of money. It seems safe to say there are more undergrads who want to be novelists and whose parents want them to be doctors than who want to be doctors and whose parents want them to be novelists. The kids think their parents are “materialistic.” Not necessarily. All parents tend to be more conservative for their kids than they would for themselves, simply because, as parents, they share risks more than rewards. If your eight year old son decides to climb a tall tree, or your teenage daughter decides to date the local bad boy, you won’t get a share in the excitement, but if your son falls, or your daughter gets pregnant, you’ll have to deal with the consequences.”

Porque é Importante.

Porque leu na veja, azar o seu. Assim como o papa, Nietzche e tantas outras figuras célebres, lembrem-se que as pessoas que construiram a sociedade são apenas macacos. E seus pais também. Seu pai. Sua mãe.

Como transformar sua vida nessa direção

Vale o mesmo que no caso da falácia naturalista. Se imagine na situação inversa. Você é uma outra pessoa muito diferente. Você alternativa se modificaria para tornar-se mais parecida consigo? Se não, então você deveria se modificar naquela direção alternativa. Elimine o Status Quo bias.

O que você ganha com isso?

Em uma palavra?  Tudo.

Para Onde Vamos? Concebendo o Design do Paraíso

Para Onde Vamos?

Concebendo o design do paraíso

 

    Os humanos tem sido péssimos designers de paraísos, utopias, e demais cenários em que há o máximo do que há de bom e o mínimo do que há de ruim. Em algumas fontes a respeito de transhumanismo, bem como nesse texto, começamos a resolver esse problema.

    As sociedades humanas até hoje podem ser distintas entre aquelas que colocaram o paraíso como um tempo ancestral, passado e aquelas que enchergam o paraíso num momento distante e futuro, senso o simbolismo mais comum a ascenção aos céus na vida após a morte. Antes de fazermos uma análise mais racional sobre o encaminhamento futuro do destino dos humanos atuais, faremos uma incursão nas intuições que regaram os desejos de paraíso de diversas sociedades. Compreender como diferentes sociedades e religiões pensaram suas ideias sobre paraísos é a melhor maneira de compreendermos quais erros poderiam ser acometidos numa tentativa real de chegarmos a um bom local fazendo uso das tecnologias vindouras. Examinemos por tanto essas concepções desde a antiguidade.

    (A) O mais antigo paraíso do qual temos notícia (De masi 2002), encontrado numa tábua em escrita cuneiforme é chamado de Dilmun, e descrito como um lugar sem doenças e sem violência, isto é determinado por ausências de alguns males que assolavam à época os seres humanos. (B) O termo “paraíso” significava parque, jardim, ou pomar, termos que usamos para designar locais em geral seguros, repletos de alimentos, e capazes de nos deixar em um estado de tranquilidade. (C) Uma das descrições do paraíso do povo de israel tratra dos mortos em conflitos políticos, religiosos e etnicos, celebra Isaías “Reviverão teus Mortos”[…]”Os meus caídos resssurgirão, despertarão e exultarão aqueles que habitavam no pó”.

    Eventualmente o paraíso se torna (D) o máximo de eficiência dentro do contexto social vivido pelos hebreus, pensa-se aí em magníficas produções agrícolas prescindindo quase inteiramente de trabalho, em TALMUD, Ketuboth IIIb “O Santo […] soprará sobre as espigas e fará com que caiam os grãos. Então os homens andarão pelos campos e colherão um punhado com o qual se nutrirão a si e a suas famílias… […] neste mundo é preciso colher e espremer com esforço [mas naquele] bastará arrancar um galho da videira, carregá-lo numa carroça ou num barco e colocálo num canto da casa e ele fornecerá (vinho) a vontade, como se fosse um grande barril.”

    Os paraísos até aqui tratados preenchem uma ausência, recuperam uma perda, e no caso (D) aceleram e maximizam a produção sem esforço, isto é aumentam a eficiência da produção do valor social mais contundente à época (o valor agrícola). Continuaremos agora examinando outros povos e sociedades que também encontram em seus paraísos retratos escrachados, por vezes pitorescos e afirmativamente ridículos, que refletem aquilo que em suas sociedades mais faltava, ou o que mais determinava Status em seu tempo. (E) No paraíso cristão prevalece o ócio, o próprio corpo humano ascende, em sua forma carnal, mas segundo Agostinho, “respousaremos e veremos, veremos e amaremos, amaremos e louvaremos no fim e sem fim.” Tudo isso acontecerá em versões atléticas de nossos corpos de trinta anos a idade consagrada do cristo.

    Dos paraísos mais interessantes de se examinar está (F) Aquele de Irineu de Lyon que diz que nascerão vinhedos com com dez mil videiras, cada qual com dez mil vinhas, cada qual com dez mil latadas que cada latada terá dez mil ramos e que cada ramo terá dez mil cachos. Cada cacho possuirá dez mil bagos de uva e cada cacho espremido dará 25 metretas de vinho. Ou seja, haverá aproximadamente 2,5 x1030 metretas de vinho de cada videira, ou mais do que o número de átomos num corpo humano médio.

    (G) Também o paraíso muçulmano nos traz perspectiva interessante: Possuidor de “Nádegas de uma milha e orgasmos de um século” cumpre o papel de inversão da vida terrena já visto anteriormente em âmbito sexual/relacional. No paraíso islâmico, reverte-se o deserto, um infinito jardim, sempre regado de boas chuvas, frequentes, clima ameno e, como já de costume nos paraísos, rios e lagos de vinho, e também mel e leite. Os habitantes serão cobertos de pedras e pérolas e assistirão em tela plana o sofrimento e a angústia dos demais (schadenfreüd). As Huri, mulheres do paraíso que cortejam os homens que ascendem são eternas virgens, readquirindo a virgindade perdida a cada vez que a perdem num eterno retorno de gozos sultânicos e triunfais. Rege parte da lenda que simplesmente por olhar um fruto você poderá saboreá-lho, e se este não mais lhe aprouver, não há problema, pois o sabor transforma-se sozinho em sua boca, sem necessidade de nenhum esforço. Como em quase todos os casos anteriores, aqui o trabalho está erradicado. (H) No paraíso luterano, diz-se que até as mais desprezíveis criaturas, como as vespas e as baratas, terão maravilhosa fragrância, e serão de delicioso sabor. (I) O paraíso Calvinista é praticamente a realização de um comunismo utopico fraternal, não haverá leis, distinções de classe, governo, diferença entre servo e patrão, todos serão iguais.

    (J) O paraíso da era industrial também é industrializado, quando deixa de ser ideal do Homem passar a eternidade deitado numa nuvem, tocando harpas celestes de maneira tonal e em harmonia simples. Dentro da época protestante, o labor se mantem nos céus, com a diferença de que é garantido que todo esforço ou trabalho é uma alegria. Famosamente a ética protestante retira a condição anti-terrena que viemos vendo aqui nos paraísos de diversas civilizações. Enquanto nos paraísos anteriores a totalidade do modo de vida dos indivíduos é modificado para seu contrário ao ingressar no paraíso, agora teremos uma concepção de mais do mesmo, porém com um signo positivo associado a esse mesmo. Encontraremos nos escritos de Isaac Taylor por exemplo uma exaltação do trabalho como glorioso, um prazer, e o céu sendo praticamente um posto cívico que interage e auxilia as pessoas que se mantem na esfera terrena.

    Contra a versão formal dos paraísos acima descritos, todos emprestando suas características de desejos de curto e médio prazo correlatos a dinâmica social e abundância de recursos de seus construtores, teremos que buscar um paraíso cujas metáforas não se baseiem tanto em nuances de época, características menores, e carências simplísticas que moveram a criação de todos os paraísos acima descritos. Para começarmos a pensar a respeito disso, vejamos o entendimento de paraíso de um dos mais imponentes transhumanistas de nossa geração, Eliezer Yudkowsky falando sobre a possibilidade de que acabemos num bom lugar para se viver, numa eutopia:

    “Nenhum autor parece ter sido bem sucedido em construir uma utopia que o valha. Quando estão tentando construir a imagem de quão maravilhoso e fascinante o mundo poderia ser, se ao menos nós pudessemos ser todos Marxistsa, ou Randianos, ou deixar os filósofos serem reis… eles tentam descrever o resultado como reconfortante e seguro .

[…]Pode-se considerar, em particular, a observação de Timothy Ferris:

    ‘Qual é o oposto de felicidade? Tristeza? Não. Assim como amor e ódio são dois lados da mesma moeda, também o são a felicidade e a tristeza. Chorar de felicidade é uma ilustração perfeita disso. O oposto de amor é a indiferença, e o oposto da felicidade – cá esta o truque – é o tédio.

    A questão que você deveria estar se perguntanto não é “O que eu quero?” ou “Quais são meus objetivos” mas “O que me excitaria”

    Lembre-se – Tédio é o inimigo, não uma “falha” abstrata.’

A Utopia é segura, sem surpresas e boba.

A Eutopia é assustadora.

    Não estou falando aqui de usar meios maléficos para um bom fim, estou falando dos resultados eles mesmos. Essa é a relação adequada entre Futuro e Passado quando as coisas saíram bem, como nós saberiamos pela história se realmente tivessemo-la vivido, ao invés de olhar para trás com o benefício do olhar retrospectivo. “ – Less Wrong Eutopia is Scary

    Para Yudkowsky, assim como o mundo atual, com tudo o que possui de melhor do que o mundo de Benjamin Franklin, ainda assim assustaria Benjamin, e da mesma maneira devemos pensar nossa Eutopia, sua proposta é pensar um mundo que fosse tão chocante para nós quanto o mundo atual parece a Benjamin Frankin, em que seja possível reconhecer a melhora, mas que seja assustador, um mundo que não foi feito a partir de nós, indivíduos particulares, não foi feito para encaixar-se em nós, como os paraísos que até hoje foram pensados, e com os quais nos defrontamos no início desse texto.

    Ao contrário, ele se propõe a pensar um paraíso no qual ele se sinta fora do lugar, fora de sua zona de conforto, mas que ainda assim seja um lugar melhor do que o mundo em que vivemos:

    “E então, quando eu podia pensar numa boa ideia que ofendesse minhas sensibilidade, eu a adicionava. O objetivo sendo- sem jamais deliberadamente fazer o futuro pior – fazê-lo um lugar no qual eu pudesse estar o mais chocado que aquela era afinal a forma que as coisas tomaram.

 

Livrar-se de livros texto por exemplo – postular que falar sobre ciência em público é socialmente inaceitável, pela mesma razão que você não diz para alguém vendo um filme que o vilão morre no final. Um mundo que rejeitasse minhas concepções da ciência como um bem público da humanidade.

    Então eu adicionei essas ideias desconfortáveis umas as outras…

    …. e ao menos na minha imaginação, ele funcionava melhor do que qualquer tentativa que eu fizera de visualizar uma proposta séria.

        Minhas propostas sérias haviam todas sido sóbrias e seguras e sãs, tudo voluntário, com placas de saída devidamente sinalizadas, e todo tipo de controle de volume para prevenir que qualquer coisa se tornasse muito alta e acordar os vizinhos. Nada muito absurdo, propostas que não assustariam os nervosos, contendo o mínimo possível de algo que causasse que alguém fizesse uma bagunça.

    Esse mundo era ridícuo, e ia acordar os vizinhos.” – Yudkowsky opus cit.

 

    Seja através de tecnologias transhumantas, que modificam o corpo e a mente, seja através do uso de uma inteligência artificial generalista, temos de ter um mínimo de concepção de qual é o futuro para o qual queremos nos dirigir se vamos tentar esforços nessa direção, e até aqui estamos tento uma lição sobre que tipos de pensamento não devem ser usados na concepção de um bom lugar para se viver, de um bom resultado dos esforços humanos.

    Nosso entendimento do paraíso vai progredindo conforme compreendemos como o paraíso não deve ser. Vimos até aqui que ele não deve ser o inverso evolutivo da realidade terrena de seus criadores, como o paraíso de diversas religiões e crenças. Também vimos que não deve ser pautado nos desejos de um indivíduo, em como ele se sentiria bem, como no exemplo de Benjamin Franklin.

    Temos então duas lições de moral até agora sobre nosso paraíso planejado, o futuro possível para o qual devemos mover nossos esforços: Realidade invertida não é paraíso, e paraíso não é um lugar onde me sentiria quentinho e confortável, mas um lugar que ia assustar por suas virtudes.

    Quanta diversão há de haver no paraíso? Certamente muita diversão, incontavelmente mais do que a que um humano atual teria exercitando os hábitos de tocar harpas eternamente. Devemos estabelecer um limiar minimo de diversão que vale a pena ser considerado: um palácio dentro de uma nebulosa habitado por todos aqueles que amamos, retirado-lhes todos defeitos que nos incomodam, onde ninguém envelhece ou adoce da mente ou do corpo e todos podem instantaneamente tomar a forma que desejarem por 10 minutos.

    Nossas três lições até aqui foram: Realidade invertida não é paraíso, e paraíso não é um lugar onde me sentiria quentinho e confortável, mas um lugar que ia assustar por suas virtudes, se uma ideia não for ao menos tão desejável quando um palácio dentro de uma nebulosa, não vale a pena considerá-la como lugar para o qual dirigirmos nossos esforços.

    Agora estamos armados para começar a pensar numa teoria da felicidade, que vai lançar as bases a partir das quais poderemos pensar os tipos de futuros desejáveis para os quais podemos nos dirigir, e como encontrá-los. Esses temas já foram pensados, parcialmente por David Pearce, Nick Bostrom e Eliezer Yudkowsoky, e em breve teremos traduções/reflexões sobre o mundo que quisermos criar aqui tambem.

Altruistic Awesomeness, Your Challenge

So you woke up in this universe, containing not only yourself, but a planet in which you live, a few billion galaxies, religious grandmothers, cookies, weekends and downloadable series which you can watch any time. Eventually you noticed people are way more intentional than cookies, people always want something. Everyone told you, also, that you happen to be a person.

Then you asked the obvious question:  ¿What do I want?

Let us assume you are a very intelligent person (we know you are ¿right?)

Not just that, you have a deep grasp on biological evolution, and what life is.

You understand intelligence better than average, and you know the difference between a soul and an evolutionarily designed gadget whose function is tangential to being an optimization program which optimizes for some rough guidelines brought forth by genes and memes in a silent purposeless universe.

You know human thinking works mainly through analogies, and that the best way to explain how the mind works involves some way of dividing what it does into simpler steps that can be accomplished by less intelligent systems. That is, you realize the explanation of intelligence amounts to explaining it without using “intelligence” as part of your explanation.

You know that only a fool would think emotions are opposite to reason, and that our emotions are engineered by evolution to work in a fluid and peaceful coalition with reason, not only as best friends, but as a symbiotic system.

You have perused through the underlying laws of physics, and not only you found out schröedinger’s equation, but you understood that it implies a counter-intuitive series of things, such as: There are many-worlds splitting all the time into even more worlds, and I am splitting just like everything within this model. In fact, there is a tree of greater and greater amounts of branches, so I can always trace my self back, but there are too many selves forward. You wonder if you are all of them, or just one, and which.

Everett branches of a person, splitting into the future

You basically have intelligence enough (which probably would correlate with some nice IQ measurement, on the 125+ range…. but NEVER worry about IQ, that number is just a symbol to remind you that you are smarter than most of your teachers, your village elders, etc… and give you motivation to actually DO the stuff you’ve been considering doing all this time, IQ is, basically, a symbolic statement that you can disrespect authority)

Then you thought: Wow, it turns out I feel very good being Nice to other people. I am a natural altruist.

How can I put my intelligence to work for a better world, without being sucked into the void of EVIL-DARKNESS [your choiche of master-evil here, be it capitalism, common sense, politics, religion, stupidity, non-utilitarian charity etc…]

Since you grasp evolution, you do know that there is no ultimate-morality. There is no one great principle, just in the same way as there is no one great god.

On the other hand, it seems that happiness is great, and the best parts of life, both for you, and for your friends, are those parts which are Awesome, amazing, fantastic, delicious, unbearably happy, unimaginably joyful. This of course, opposed to those parts which are miserable, unfortunate, sad, ennui, so awful you want to cry.

So you decided you want to have a life that is 1) Awesome 2) Altruistic.

Now, you ask the second question:

¿What should I do?

Then all your intelligence was put to work on that, and you started finding out what the other Awesome Altruists were doing lately. You stopped reading Vogue and Newspapers, and read about people who loved mankind and tried to do stuff. Ghandi, Mandela, Russell, Bill Gates, Angelina Jolie, Frederic II, Nick Bostrom, Bono, Bentham, Eliezer Yudkowsky, Bakunin, Ettinger, Mother Theresa, Marx, among a  few others.

“Let us understand, once and for all, that the ethical progress of society depends, not on imitating the cosmic process, still less in running away from it, but in combating it.”
— T. H. Huxley (“Darwin’s bulldog”, early advocate of evolutionary theory)

You have started to analyse their actions counterfactually. You learned that the right question, to figure out what really matters is: ¿What is the difference between our world in which X did what he did, and our world in case X had not done that?

You noticed people have a blind spot relating to this question, and they always forget to ask “¿Would someone else have done that, had X not done that?” and you have stored a special cozy place in your brain that cintilates a huge neon sign saying “If YES, then X work does not make a difference” every time you ponder the issue.

So you noticed how the most important altruistic acts are not just those that have greater impact, and stronger effect. You realized that the fewer people are working on something of impact and effect, the more difference each one makes. There is no point in doing what will be done by others anyway, so what should be done is that which, if you did not do it, would not get done at all.

Applying this reasoning, you have excluded most of your awesome altruists of people it would be great to be like.

Some remain. You notice that from those, it turns out they are all either very powerful (moneywise) or tranhumanists. You begin to think about that…..

¿Why is it, you ask, that everyone who stands a chance of creating a much much better universe is concerned with these topics?

1) Promoting the enhancement and improvement of the human condition through use of technology

2) Reducing the odds of catastrophic events that could destroy the lives of, say, more than 50 million people at once.

3) Creating a world through extended use of technology in which some of our big unsolved problems do not exist anymore. (Ageing, unhappiness, depression, akrasia, ennui, suffering, idiocy, starvation, disease, impossibility of creating a back up of one self in case of car crash, not having a very, very delicious life, bureocracy and Death, to name a few problems)

It is now that you begin to realize that just like science is common sense, applied over and over again at itself, Just like science is iterated common sense, transhumanism is iterated altruistic awesomeness.

Sometimes, something that comes from science seems absurd for our savannah minds (splitting quantum worlds, remote controllable beetles, mindless algorithms that create mindful creatures). But then you realize that if you take everything you grasp as common sense, and apply common sense once again to it, you will get a few thing that look a little bit less commonsensical than the first ones. Then you do it again, a little more. And another time. All the steps take you only a little bit further away from what your savannah mind takes as obvious. But 100 steps later, we are talking about all the light coming from a huge exploding ball of helium very far away which disturbs space in predictable ways and that we perceive as sunlight. We call this iterated common sense Science, for short.

Now ¿what if you are a nice person, and you enjoy knowing that your action made a difference? Then you start measuring it. It seems intuitive at first that some actions will be good, saying the truth, for instance. But in further iterations, when you apply the same principles again, you find exceptions like “you are fat”. As you go through a few iterations, you notice the same emotional reaction you felt when common sense was slipping away while you learned science. You start noticing that giving for beggars is worse than for organized institutions, and that your voting does not change who is elected, you notice education pays off in long term, and you understand why states are banishing tobacco everywhere. You realize the classic “prevention is the best remedy”. Here is the point where you became a humanist. Congratulations! Very Few have gotten through here.

It turns out, though, that you happen to know science. So there are more steps to take. You notice that we are in one of the most important centuries of evolution’s course, because memes are overtaking genes, and we just found out about computers, and the size of the universe. We are aware of how diseases are transmitted, and we can take people’s bodies to the moon, and minds throughout most of the earth surface, and some other planets and galaxies. So you figure once we merge with technology, the outcome will be huge. You notice it will probably be in the time of your life, wheter you like it or not.

It will be so huge in fact, that there is probably nothing that you can do, in any other area whatsoever, that stands an awesome altruistic chance against increasing the probability that we will end up in a Nice Place to Live, and will not end up in “Terrible Distopian Scenario Number 33983783, the one in which we fail to realize that curing cancer was only worth it if it was not necessary to destroy the earth to calculate the necessary computations to perform the cure”.

Dawkins points out that there are many more ways of being dead than alive. There are more designs of unsustainable animals. Yudkwosky points out there are many more ways of failing in our quest to find a Nice Place to Live. Design space is huge, and the Distopian space is much greater than the Utopian Space. Also, they are not complementary.

So you kept your Altruistic Awesomeness reasoning with your great intelligence. Guess what, you found out that other people who do that call themselves “transhumanists”, and that they are working to either avoid global catastrophic risks, or to create a world of cognition, pleasure, and sublime amazement beyond what is currently conceivable to any earthling form.

You also found out there are so few of these people. This gave you a mixed feeling.

On the one hand, you felt a little bit worried, because no one in your tribe of friends, acquaintances, and authorities respects this kind of thinking. They want to preserve tradition, their salaries, one or another political view, the welfare state, teen-tribal values,  status quo, ecology, their grades, socialist ideals, or something to that effect. So you were worried because you identified yourself as something that is different from most who you know, and that not necessarily holds the promise of gaining status among your peers because of your ideals, which relate to the greater good of all humans and sentient life, present and future, including themselves, who simply have no clue what the hell are you talking about, and are beggining to find you a bit odd.

On the other hand, when you found out that there are few, you felt like the second shoes salesman, who went to an underdeveloped land and sent a message for the king after his friend, the first salesman, had sent another, from the northern areas of the land.

First Salesman: Situation Hopeless, they don’t wear any shoes…

Second Salesman: Glorious Opportunity, they don’t have any shoes yet!

It took you a long time, to learn all this science, and to deeply grasp morality. You have crossed through dark abysses of the human mind under which many of our greatest have failed. Yet, you made through, and your Altruistic Awesomeness was iterated, again and again, unappalled by the daunting tasks required of those who want to truly do good, as opposed to just pretending. The mere memory of all the process makes you chill. Now, with hindsight, you can look back and realize it was worth it, and that the path that lies ahead is paved, unlike hell, not with good intentions, but with good actions. It is now time to realize that if you have made it through this step, if all your memes cohered into a transhumanist self, then congratulations once again, for you are effectively part of the people on whom the fate of everything which we value lies. ¿Glorious opportunity, isn’t it?

Now take a deep breath. Insuflate the air. Think about how much all this matters, how serious it is. How awesome it it. Feel how altruistic you truly are, from the bottom of your heart. How lucky of you to be at one time so smart, so genuinely nice, and lucky to be born at a time where people who are like you are so few, but so few, that what you personally choose to do will make a huge difference. It is not only glorious opportunity, it is worth remarking as one of life’s most precious gifts. This feeling is disorienting and incandescent at the same time, but for now it must be put in a safe haven. Get back to the ground, watch your steps, breathe normally again and let us take a look at what is ahead of you.

From this day on, what matters is where you direct your efforts. ¿How are you going to guarantee a safer and plentier future for everyone? ¿Have you checked out what other people are doing? ¿Have you considered which human values do you want to preserve? ¿Are you aware of Nick Bostrom who is guiding the Future of Humanity institute at Oxford towards a deep awareness of our path ahead, and who has co-edited a book on global catastrophic risks? ¿Do you know that Eliezer Yudkowsky figured it all out at age 16 after abandoning high-school, and has been developing a friendly form of artificial intelligence, and trying to stop anyone from making the classic mistakes of assuming that a machine would behave or think as a human being would? ¿Did you already find out that Aubrey de Grey is dedicating his life to create an institution whose main goal is to end the madness of ageing, and has collected millions for a prize in case someone stops a mouse from ageing?

The issues that face us are not trivial. It is very dangerous to think that just because you know this stuff, you are already doing something useful. Beware of things that are too much fun to argue. There is actual work that needs to be done, and on this work may lie the avoidance of cataclysm, the stymie of nanotechnological destruction. The same line of work holds the promise of a world so bright that it is as conceivable to us as ours is to shrimp. A pleasure so high that the deepest shining emotions a known drug can induce are to deppressed orfan loneliness as one second of this future mental state is to a month of known drugs paradisiac peaks. To think about it won’t cut it. To talk about it won’t cut it. There is only one thing that will cut it. Work. Loads of careful, conscious, extremely intelligent, precise, awesomely altruistic, and deeply rewarding work.

There are two responsible things to be done. One, which this post is all about, is divulgating, showing the smart altruistic awesome people around that there are actual things that can be done, should be done, are decisive on a massive level, and are not overdetermined by someone else’s actions with the same effects.

The other is actually devising utopia. This has many sides to it. No skilled smart person is below threshold. No desiring altruistic awesome fellow is not required. Everyone should be trying. Coordination is crucial. To increase probability of utopia, either you decrease probability of distopia, cleaning the future space available of terrible places to live, or you accelerate and increase odds of getting to a Nice Place to Live. Even if you know everything I’ve been talking about until here, to give you a good description of what devising utopia amounts to, feels like, and intends, would take about two books, a couple dozen equations, some graphs, and at least some algorithms… (here are some links which you can take a look at after finishing this reading)

This post is centralizing. If you have arrived to this spot, and you tend to see yourself as someone who agrees with one third of what is here, you may be an awesome intelligence floating around alone, which, if connected to a system, would become an altruistic engine of powers beyond your current imagination.

I’m developing transhumanism in Latin America. No, I’m not the only one. And no, transhumanism has no borders.

Regardless, I’ll be getting any work offerings (¿got time? ¿got money? ¿Got enthusiasm? send it along) in case someone feels like it. I’ll also advise (as opposed to co-work) any newcomers who are lone riders. Lone wolfs, and people who do not like working along with others in any case.

Here, have my e-mail: diegocaleiro atsymbol gmail dotsymbol com

There is a final qualification that must be done to the “¿got time?” question. Seriously, if you are an altruist, and you are smart as we both know you are. ¿What could possibly be more worth your time than the one thing that will make you counterfactually more likely to be part of those who ended up the misery of darwinian psychological tyranny, and helped inaugurate the era of everlasting quasi-immortal happiness and vast fast aghasting intelligence which defies any conception of paradise?

If you do have a proper, more than five-lined intelligent response to the above question, please, do send it to my e-mail. After all, there is no point at which I’ll be completely convinced I arrived at the best answer. I’ve only researched for 8 years on the “¿what to do?” question. To think I did arrive at the best possible answer would be to commit the Best Impossible Fallacy, and I’m past this trivial kind of mistake.

Otherwise, in case you still agree with us two hundred that transhumanism is the most moral answer to the “¿What Should I do?” question….Then —> Please send me your wishes, profile, expertise, curriculum, or just how much time do you have to dedicate to it. This post is a centralizer. I’m trying to bring the effort together, for now you know. There are others like yourself out there. We have thought up a lot about how to make a better world, and we are now working hard towards it. We need your help. The worst that could happen to you is losing a few hours with us and then figuring out that in your conception, there are actually other things which compose a better meta-level iteration of your Altruistic Awesomeness. But don’t worry, it will not happen.

Here, have my e-mail: diegocaleiro atsymbol gmail dotsymbol com

Two others have joined already. (EDIT: After Writing this text there are already six of us already) The only required skill is intelligence (and I’m not talking about the thing IQ tests measure), being a fourteen year old is a plus, not an onus. As is having published dozens of articles on artifical intelligence. Dear Altruistic Awesome, the future is yours.

But it is only yours if you actually go there and do it.

Two Cognitive Cases

Two Cognitive Cases

This is the first draft of an article I’m developing, I appreciate any commentaries and corrections, which can be sent as reponses.

The study of cognition can be benefited in a number of ways, and people from areas as separate as mechanical engineering, artificial systems and psychology show us that. In fact, from Gödel’s theorem to dynamic systems to molecular genetics, there is some kind of contribution that has been made to the understanding of mind. I want to present two new challengers here, to join the group of things which are useful to understand cognition. In fact to understand in general. They are Recently-Biased Information Selectivity and Happiness.

First I want to talk about selectivity. If one wants to understand more and be able to acomplish more, it is highly likely that he will have to learn (the other option being invent, or discover). We learn more than we invent because it is cheaper, in economic terms. Our cognitive capacity to learn is paralleled in the south asian countries, whose development is funded into copying technologies developed in high-tech countries. Knowledge is not a rival good, that is, the fact that I have it doesn’t imply you can have it too. Knowledge, Newton aside, has nothing to do with apples.

So suppose our objective was to learn the most in the least time, and to be able to produce new knowledge in the least time. There is nothing more cognitive than increasing our descriptive and procedural knowledge in reasonable timing. The first thing one ought to do is to twist the idea of learning upon itself, and start learning about learning. There are many ways to improve learning that can themselves be learned. One can achieve higher efficiency by learning reading techniques. Also she could learn how to use different mental gadgets to learn about the same topic (i.e. Thinking of numbers as sounds, if she usually thinks of them as written, and vice-versa). She also could simply change her material tools, using a laptop instead of writing with pen, writing in a different language to allow for different visual analogies, using her fingers to count. The borders are of course not clear between different cognitive tools. Writing in chinese implies thinking through another grammatical scheme, as well as looking at different symbols, one of this is more mental, the other more material, both provide interesting cognitive connections to other concepts and thus improve thinking and learning. Another blurry technique, without clear frontiers is to use some cognitive enhancer. Coffee, the most widely used one, is a great enhancer. Except that it isn’t. Working as a brain’s false alarm that everything is okaywhn is isn’t, leading to disrythmia, anxiety exaustion etc. Modafinil is much better, healthier, less prone to causing tension. But are these mental or material gadgets? One thing is certain, they are part of the proof that the mind-body dichotomy has no bearing on reality. These are all interesting techniques for better learning, but I suggest they are not as powerful as selectivity.

Recent-Biased Information Selectivity is a pattern towards seeking knowledge, what is informally called an “approach” to knowledge. A Recent-Biased Information Selector is a person who has a pattern of behavior. This pattern is, as the name denunciates, to look for the solution for her problems mostly in the most recent publications she can find. That is, amongst all of her criteria for deciding to read or not to read something, to watch or not to watch a video, to join or not a dance group, being new is very close to the peak. There are many reasons for which this is a powerful technique, given our objectives. The first is the Law of Accelerated Returns, as proposed by Kurzweil(2005). According to it, the development of information technology is speeding up, we have an exponential increase in the amount of knowledge being produced, as well as in the amount of information being processed. This is Moore’s law extended, and it can be extended to all levels of technological improvement, from the invention of the multicellular organism to genomic sequencing, from the invention of a writing system to powerful computing etc… Stephen Hawking (2001) points out that if one wanted to read all that was being published in 2001, he’d have to run 145 kilometers per second, this speed has probably doubled by now (2010). So Information technology in general and Knowledge in particular are increasingly speeding up. That means that if you cut two adjacent periods of equal sizes from now to the past, odds are high there is more than twice the knowledge of the older period in the newer one. If one were to distribute fairly his readings among all there is to be read, he would already be exponentially shifted towards the present. So a fair distribution in order to obtain knowledge is one that decreases exponentially towards the past. Let us say one reads 1000 pages, more or less three books, per month. So if we divide time in 4 equal periods, let’s say, of 20 years, one would have these pages divided according to the following proportions: 1 : 2 : 4 : 8. Now, 1x+2x+4x+8x = 15x = 1000. x=66 We get the distribution of pages:

66 to 1930 – 1950

122 to 1950 – 1970

244 to 1970 – 1990

488 to 1990 – 2010

In general: Let S be the number of subspaces into which one’s division will be made. Let T be the total number of pages to be read. The fair amount of reading to be dedicated to the Nth subspace is given by the formula:

2n-1 · (T / (21+22… 2S-1))

Now, this is not how we usually reason, since our minds are in general linear predictors, we suppose that fairness in terms of learning knowledge would be to read the same amount for equal amounts of time. This is of course a mistake, a cognitive bias, meaning something that is engendered in our way of thinking in such a way that it leads us systematically to mistakes. My first purpose is to make clear that the wisdom in the strategy of dividing cognitive pursuit equally though time is a myth. A first objection to my approach is that it is too abstact, highly mathematical, there are deep assymetries between older stuff and newer stuff that has not been considered, so one should not distribute her reading accordingly. Exactly! Let us examine those asymmetries.

First asymmetry: Information inter-exchange: It is generally taken for granted by most people that the future has no influence on the past, whereas the past has influence on the future. More generally, an event X2 at time T2 will not influence another event X1 at time T1, but might influence X3 at time T3. This of course is false. But we are allowed to make Newtonian approximations when dealing with the scale in which knowledge is represented, that is paper scale, brain scale (Tegmark 2000), sound-wave scale. So it is true for our purposes. From information flow asymmetry it follows that what is contained in older knowledge could have influenced newer knowledge, but not otherwise. This is reason to take the fair distribution, and squeeze it even more towards the present.

Second, asymmetry: Having survived for long enough. This is the main objection I saw against biasing towards the present, it consists of saying that the newest stuff has not passed through the filter of time (this could also be called the “it’s not a classic” asymmetry) and therefore is more likely to be problematic. I have argued elsewhere that truthful memes are more likely to survive (Caleiro Forthcoming) and indeed that is a fair objection to the view I am proposing here. This asymmetry would make us stretch our reading back again. But in fact there is a limit to this filter. One has strong reasons not to read what came just hot out of press (unless there are other factors for it) but few reasons not to read what has been for 2 years in the meme-pool, for instance. The argument is strong, and should be considered.

Third, Conceptual-Scheme Complexity: Recent stuff is embedded in a far more complex world, and in general into a very complex scheme of things, that is, the concepts deployed are part of a complex web, highly sofisticated, deeptly interacting. This web makes the concepts clearer since they are more strongly interwoven with other concepts, theories, experiments etc… The same concept usually will have a much more refined conception today than the one it had two hundred years ago. Take the electron for instance, we have learned enormous amounts about it, the same word means much more today than it did. Even more amazing is the refinement of fuzzy concepts like “mind”, “cognition”, “knowledge”, “necessity”, “a priori” and so on.

Fourth, Levels of Meta-knowledge available: Finally we get to an interesting asymmetry, that is related to how many layers of scrutiny has an area passed through. In the early days we had “2+3·5+(9-3)” kind of maths, then someone notices we’d be well with a meta-symbol for a given unknown number so we had “ X+3 = 2” kind of mathematics…. and someone else eventually figured a symbol could denote a constant, and we had “Ax+By+C = 0” kind of mathematics, there are more layers, but the point is clear. Knowledge2, That is Meta-Knowledge depends on the availability of Knowledge1, same for Meta-meta-knowledge or Knowledge3. In psychology we had first some data regarding a few experiments with rats, then some meta-studies, with many clusters of experiments with rats, then some experiments with humans, then meta-inter-species knowledge that allowed us to compare species, then some theories of how to achieve knowledge in the area, that is epistemology of psychology etc… Now, it is usually impossible to create knowledge about something we have no data about. So there is no meta-knowledge without there being knowledge first. The number of layers is always increasing, for it is always possible to seek patterns in the highest level (though not always to find them!). More publications give us access to more layers of knowledge, and the more layers we have, better is our understanding.

These asymmetries give us the following picture, if we had a fair distribution, we should squeeze it a lot towards the recent past (some 2 years before present) but resist the temptation to go all the way and start reading longterm-useless nonfiltered stuff like newspapers. A simple way to do that is to change the 2 in the general equation for a 3. Some interesting ideas on this topic of selective ignorance deserve mention:

There are many things of which a wise man might wish to be ignorant.”

Ralph Waldo Emerson

Learning to ignore things is one of the great paths to inner peace”

Robert J Sawyer – 2000

What information comsumes is rather obvious: it consumes the attention of its recipients. Hence, a wealth of information creates a poverty of attention and a need to allocate that attention efficiently among the overabundance of information sources that might consume it.”

Herbert Simon, Turin Award winner, Nobel Prize winner

Just as modern man consumes both too many calories and calories of no nutritional value, information workers eat data both in excess and from the wrong sources”

If you are reading an article that sucks, put it down and don’t pick it back up. If you go to a movie and it’s worse than The Matrix Revolutions, get the hell out of there before more neurons die. If you’re full after half a plate of ribs, put the damn fork down and don’t order dessert.”

Timothy Ferris – 2007

I’ve shown the names of those I’m quoting, for this gives one tip on exceptions for the no hot-out-of-press rule. That is the argument from authority. The argument from authority is fallacious in its usual form:

Source A says that p.
Source A is authoritative.
Therefore, p is true.

But is reasonable in its bayesian form (“~” is the symbol for “not”) :

Source A says that p. Source B says that ~p.
Source A is authoritative. Source B isn’t.
Therefore, it is rational to consider that p is more likely to be true until further analysis.

The other exception in which we should read what is hot-out-of-press (given our cognitive objective, as always in this article) is when it is related to one’s specific line of work at the moment. Suppose I’m studying Happiness to write a review of current knowledge in the area, this gives me good grounding to read an article published this month, since I must be as up to date as possible to perform my work. Exceptions aside, it is a good strategy to let others filter the ultra-recent information for you and remain in the upper levels of analysis. The same is true of old information, what is relevant is highly likely to have been either preserved, as I mentioned before, or rediscovered, as all the cultural evolutionary convergences show (Diamond 1999,Caleiro Forthcoming ).

First Case Conclusion:

Our natural conception of how to distribute our time in obtaining knowledge is biased in the wrong way, suggesting equal amounts of effort to equal amounts of time. To achieve greater and deeper knowledge, one should distribute her effort with exponentially more reading of more recent periods than older ones. In addition, she should counter this bias with another bias, shifting it even more towards the present but stoping short of it, with an allowance for some basic knowledge filters to operate before choosing what to read. We end up with an exponential looking curve that peaks in the recent past and falls abruptly before reaching the present.

Second case, Happiness

All other things equal, most people would not choose to have every single day of their lifes, from tommorrow onwards, being completely miserable. It is a truism that people do not want to suffer unless it is necessary, and most times not even in that case. Neutrality is good, but not good enough, so, all things equal, it is also true that most people would choose to have countless episodes of deep fulfilling happiness for the rest of their lifes, as oposed to being merely “Not so bad”. Some people have noticed that this is not so unanimous, for instance, Betrand Russell (1930) wrote: “Men who are unhappy, like men who sleep badly, are always proud of the fact.”

I intend to discuss happiness from another perspective, the perspective of cognition. Is happiness good or bad for thinking? Supposing our cognitive objective, as we did before, let us examine happiness. Suppose we don’t care about happiness, we just want to be cognitively good. Contrary to popular legend that thinking equals suffering, and Lennon’s remark that “Ignorance is bliss”, current evidence suggests that happiness is positively correlated with (Gilbert 2007, Lyubuomisrky 2007, Seligman 2002):

Sociability

Energy

Charity

Stronger immune system

Cooperation

Physical health

Earnings

Being Liked

Amount of friends

Social support

Flexibility

Intelligence

Ingenuity in thinking

Productivity in job

Leadership skills

Negotiation skills

Resilience in face of hardship

It is hard not to notice how many characteristics there are on the list, and easy to see how many of them are related to being a better learner, a better teacher, and a better cognitive agent in general. This is true independently of what one studies, if the knowledge is descriptive such as calculus, or procedural such as dancing. There is also the evident fact that depressed people tend to loose productivity dramatically during their bad periods. This gives us good scientific grounding to believe that happiness is important for cognition, to learn better, to achieve more, and to be cognitively more apt in general. So we ought to be happier.

But should we be happier? How much happier? The reason why I started this article is that I was reading in the park, listening to some music, watching people going and coming, families, foreigners, kids etc… It was a beautiful sunny day and I had just exercized, I was reading something interesting and challenging, the music was exciting, I took a look around me and saw the shinning sun reflecting on the trees, a breeze passed amidst the giggle of kids nearby and I thought “This is great!” In fact I thought more than that, I thought “This is great! Still it could be better”. There is some background knowledge needed to qualify the power of this phrase. Once I saw a study that said a joke had been selected among thousands by internet users, therefore it was a scientifically proven funny joke. Now, I’m a happy person. In fact I’m a very happy person. It took me a while to accept that. It is hard to accept that one is the upper third of happiness, because that tells a lot about the human condition, and how happy people are. So I was pondering about this fact that people told me, and that I subjectively felt, and finally science came to my aid. The University of Pennsilvania holds an online-test called authentic happiness invetory. The website has 700,000 members. I did the test twice, with some 14 months in-between. The website provides comparisons among those who took the test, we can take these to be some dozens of thousands of people at least. The first time I did it, it showed “You scored as high or higher than 100% of web users, 100% of your gender, 100% of your age group 100% of your occupational group, 100% of your educational level and 100% of your Zip code”. One year later, the first five bars were still showing 99% and the last one 98%. Thinking I might have been in an exceptionally happy day that time, I took the test again, and to my surprise I was back to 100% in all categories. I knew I am happy, but that was taking the thing to a whole other level. So I was as scientifically comproved to be happy as that joke, I was in the very end of the tail of the curve.

Now think again about that phrase in that scene in the park. “This is great! Still, it could be better.” I was not talking about myself (as I’ve been for one paragraph now) I was talking about Man. If you found yourself in the edge of the curve you’d know what I mean. If this is the best we can do, we are not there yet. I’m not saying that being happy is not great, it is awesome, but it could be much better. I suggest that anyone who had the experience of reading all those “100%” there in the website thought the same, this cannot be the very best, there must be more. This is what brings me to the Humanity+ motto:

Better than well.

The human condition is not happiness-driven. Evolutionarily speaking, we do what we can to have more grandchildren than our neighbors, whereas this includes happines or whether it doesn’t. A mind that was satisficed all the time would not feel tempted to change his condition, so mother nature invented feelings such as anxiety, boredom, tiredness of the same activity, pain etc… Happiness, as designed by evolution, is fleeting, ephemerous (Morris 2004). How could we change that? There are several ways, the most obvious one being chemical intervention. Also technologies of direct stimulation of pleasure centers could be enhanced to accepted levels of safety. Artifacts such as MP3 players also have an effect on happiness since listening to music causes happiness (Lyubomirsky 2007), many artifacts have positive effects on happiness and in the long term may help in improving the human condition. Art, philosophy, spirituality and science have also had long term effects on human happiness. So in order to improve the human condition in the long term, we ought to work in all those bases. This would in turn provide us means to achieve our proposed cognitive goal, through greater cognitively enhancing happiness. Before moving on, I’d like to make an effort of showing a mistake that most people are likely to make, due to some cognitive biases, I’ll first list the biases:

Status quo bias: people tend not to change an established behavior unless the incentive to change is compelling. (Kahneman et al 1991)

Bandwagon effect: the observation that people often do and believe things because many other people do and believe the same things. The effect is often called herd instinct. People tend to follow the crowd without examining the merits of a particular thing. The bandwagon effect is the reason for the bandwagon fallacy’s success.

From Yudkowsky (2009):

Confirmation bias:In 1960, Peter Wason conducted a now-classic experiment that became known as the ‘2-4-6’ task. (Wason 1960.) Subjects had to discover a rule, known to the experimenter but not to the subject – analogous to scientific research. Subjects wrote three numbers, such as ‘2-4-6′ or ’10-12-14’, on cards, and the experimenter said whether the triplet fit the rule or did not fit the rule. Initially subjects were given the triplet 2-4-6, and told that this triplet fit the rule. Subjects could continue testing triplets until they felt sure they knew the experimenter’s rule, at which point the subject announced the rule.

Although subjects typically expressed high confidence in their guesses, only 21% of Wason’s subjects guessed the experimenter’s rule, and replications of Wason’s experiment usually report success rates of around 20%. Contrary to the advice of Karl Popper, subjects in Wason’s task try to confirm their hypotheses rather than falsifying them. Thus, someone who forms the hypothesis “Numbers increasing by two” will test the triplets 8-10-12 or 20-22-24, hear that they fit, and confidently announce the rule. Someone who forms the hypothesis X-2X-3X will test the triplet 3-6-9, discover that it fits, and then announce that rule. In every case the actual rule is the same: the three numbers must be in ascending order. In some cases subjects devise, “test”, and announce rules far more complicated than the actual answer.” […]

“Hot” refers to cases where the belief is emotionally charged, such as political argument. Unsurprisingly, “hot” confirmation biases are stronger – larger in effect and more resistant to change.”

Let me restate a case of the status quo bias in another form: When people make a decision, they should take only the benefits and costs of what they intend to do, and carefully analyse them. This is fairly obvious. Also, it is complete nonsense. What one ought to do when she is trying to find out about doing or not doing something is to compare that that thing with what she would do in case she didn’t do that thing. Suppose I’m a father who gets his daughter everyday in school. Then some friends invite me to go play cards, I reason the following: “Well, playing cards is better than doing nothing” and I go play cards, leaving my poor child alone in school.

 

Another important topic is how can someone be happier than he usually is, right now? What is already available? What has been proven to increase satisfaction? The rest of the article is dedicated to this topic. Gilbert (2007) has many interesting words on that, they are worth quoting:

“My friends tell me that I have a tendency to point out problems without offering soutions, but they never tell me what I should do about it.”[…]”… you’ll be heartened to learn that there is a simple method by which anyone can make strikingly accurate predictions about how they will feel in the future. But you may be disheartened to learn that, by and large, no one wants to use it.

Why do we rely on our imaginations in the first place? Imagination is the poor man’s wormhole. We can’t do what we’d really like to do – namely, travel trough time , pay a visit to our future selves, and see how happy those selves are – and so we imagine the future instead of actually going there. But if we cannot travel in the dimension of time, we can travel in the dimensions of space, and the chances are pretty good that somewhere in those other three dimensions there is another human being who is actually experiencing the future event that we are merely thinking about.” […] “it is also true that when people tell us about their current experiences […] , they are providing us with the kind of report about their subjective state that is considered the gold standard of happiness measures. […] one way to make a prediction about our own emotional future is to find someone who is having the experience we are contemplating and ask them how they feel.[…] Perhaps we should give up on rememberin and imagining entirely and use other people as surrogates for our future selves.

This idea sounds all too simple, and I suspect you have an objection to it that goes something like this… “

This fine writer’s message is simple, stop imagining, start asking someone who is there. This is the main advice for those who are willing to predict how happy will they be in the future if they make a particular choice.

Now, Lyubomirsky offers many other happiness increasing strategies. First, she proposed the 40% solution to happiness. Happiness is determined according to the following graph:

50% genes 10% circumstances and 40% intentional Activities
50% genes 10% circumstances and 40% intentional Activities

That is, Happiness is 50% genetically determined (that is, if you had to predict Natalie Portman’s happiness, and she had monozygotic twin separated at birth, it would be more useful to know how happy the twin is than to know every single fact you may figure out about Natalie’s way of life, past and present conditions and reactions to life events) , 10% due to life circumstances (This includes wealth, health, beauty, marriage etc…), and 40% due to intentional activities. So, all things considered, if one is willing to become happier right now, the best strategy is to change these last 40%, how can we do it. Here I will list some comproved ways of increasing general subjective happiness. I will not provide a detailed description of the experiments, but those can be found in Lyubomirsky’s book references. My aim here is to give my reader a cognitive tool for increasing her happiness, since I have defended that achieving greater happiness is a good cognitive strategy.

Bostrom, N. 2004 The Future of Human Evolution. Death and Anti-Death: Two Hundred Years After Kant, Fifty Years After Turing, ed. Charles Tandy. Ria University Press. pp. 339-371. Available online: http://www.nickbostrom.com/fut/evolution.html

Diamond, J.1999. Guns Germs and Steel:The Fates of Human Societies. W.W. Norton & Co

Kahneman, D., Knetsch, J. L. & Thaler, R. H. (1991). Anomalies: The Endowment Effect, Loss Aversion, and Status Quo Bias. Journal of Economic Perspectives, 5, 1, pp. 193-206

Russell, B. 1930. Conquest of Happiness

Available online: http://russell.cool.ne.jp/beginner/COH-TEXT.HTM

Tegmark, M. 2000. The importance of quantum decoherence in brain processes IN Physics Review E61:4194-4206

Available online: http://arxiv.org/abs/quant-ph/9907009

Yudkowsky, E. 2009. Cognitive biases potentially affecting judgment of global risks IN Global Catastrophic Risks, eds. Nick Bostrom and Milan Cirkovic. Oxford

Available online: http://yudkowsky.net/rational/cognitive-biases

Fear of Paradise – Cryonics and Many-Worlds

Fear of Paradise – Cryonics and Many-Worlds

It is quite likely, as of today, that within some five months I might be signed up for cryonics. Great, that only means I am rational. Now I have for long been a defender of the Many-World interpretation of quantum mechanics. In the beggining, my reasons were due to the elegance and beauty of the theory, specially in terms of computation. Nowadays I got some stronger arguments, some from papers on the topic, some from Yudkowsky, a guy whose intelligence far surpasses my view of greatness.

Take these two together and what do you get?  It is unpredictable. We do not have sufficiently powerful machines to compute how do quantum electro-dynamics and quantum-cromodynamics operate in higher levels. That is, we cannot, currently calculate if what we know about how the mycrophysical world should really on average cause what we see here, in the macro-level. We think it does, but that could be caused by selection effects.

This leaves open the following possibilities:

1) Life is a process that has evolved in such a way as to counter most of quantum mechanical indeterminacies that could destroy it (say, if all your carbonic chains disengaged in two seconds) so that from every 10^10 worlds, there is only one in which your brain disintegrates.

2) Life in fact only counters life-destroying indeterminacies in very few cases, say, one in every two (for a given amount of elapsed time). In fact we only experience life as we do because there is nothing it is like to be dead!

So, what happens when one signs for cryonics? If (1) is true, most likely I’ll keep dividing my current self into kazillions of others, as I always have, a tiny part will indeed be cryogenated (while I’m 23 I expect that to be a tiny part, for Darwin’s sake!) but the biggest share will simply keep living my life normally.

If (2) is true, on the other hand, there will be many, many, many worlds in which I die for one or other quantum reason, and I will be quickly cryogenated, that is, frozen in something that doesn’t shatter my cells (as water does) in hope of a bright future ressurection, like the spirits of old. In many of those I will in fact be ressurected! These may be as many as the ones in which I will keep living my life normally. Suppose now that in the future, the indeterminacies that here used to kill me all the time that were not taken care of by evolution have been taken care of.

What should I expect? If (1) nothing exeptional, sign my contract, get back, move on.

If (2) then I should expect to quickly wake up in a post-human world, highly likely to be a world that would make paradise shiver and tremble in the sight of its greatness. A world in which happiness has become the very essence of matter, and intelligence is so widespread we can afford giving it to sponges. This would happen some time after I signed my contract, perhaps before I took the plane back to Brazil.

Of course, as any animal about to be taken away from its environment, I am afraid of change. Yeah, alright, it is change for a paradise beyond what the Flying Spaghetti Monster Himself could conceive of, in all his noodlety. So what, my fear is irrational.

One may stop here and say: Hey! That won’t cut! What if you wake up in a post-human doomed scenario with no conscious beings and an evil superintelligence, or singleton scraping your ass with cactus?

To what I say: My conditional probability, given ressurection from cryonics, that it is not the case that those who uncryogenated me are friendly (people or AI) is about 0,0005% percent.

I gather here I should say that I think it some 8% likely that (2) is true, and 92% likely that (1) is true. So the rest of this text is written by these 8% of me.

There may even be many more apocalyptic scenatios in which the world is dominated by evil stuff than ones in which either life goes on as usual or paradise takes hold. But if I consider observer selection effects, I should only account for worlds in which I live, therefore, if (2) is the case, I should assume that soon after signing that piece of paper, I will be in the best place ever, ever, ever.

In a way, this can be thought of as a goodbye letter. I know that there will still be one Diego made of bio-stuff and human (as opposed to post-human), and in fact, he is one of the people to whom I ought to say goodbye. Goodbye, thank you, current Diego, in the name of your paradise-sharing-future-slice, you have made yourself the biggest favor one could ever do, and I’m only causally connected to you now, to tell you that, I know I will be more thankfull later, but by then, I won’t be able to say so.

For all of those who stay including my own slices, henceforth friends, also it has been a great experience to have been here with you, and I wish we could somehow share paradise together (of course you may have your own future slice there, but I’m talking by definition to those who will stay here) but we can’t.

I do not know what is it like to live a life besides that of a human, but from what I managed to learn about the human life, I ought to be thankful for all that you have given me, all the Experiences, with the capital E, all the sharing, fun, love and joy.

It is a fearful path the one that takes to paradise, and my body chemestry is doing what she can to make me dubious, but this mind has been taken by reason long ago, and been too happy, well fed, intelligent and emotion-lover to be taken back right now, posthumanity, I launch myself to your care, into the unknown, and beyond the scope of any imagination. Let’s Go! Holy shit, I shit my pants!

A filosofia de Nick Bostrom, Parte 1

Esse Post é o primeiro membro de uma serie de varios posts sobre a filosofia de Nick Bostrom. O objetivo dessa serie de posts é introduzir o leitor ao pensamento de Bostrom e a tópicos importantes do transhumanismo. Neste primeiro momento irei introduzir as motivações subjetivas bem como os princípios teóricos básicos sob os quais se fundam a filosofia deste pensador. Ele esta assim organizado:

1. O Bostrom
1.1 Formação
1.2 Preocupações
2. A Filosofia de Nick Bostrom
2.1 Bases
2.1.1 Tentando saber mais que deus, conhecimento indexical e a SSA
2.1.2 Efeitos de Seleção Observacionais e Riscos Existenciais

1. O Bostrom

1.1 Formação

Graduação em Filosofia, Matemática e Ciências da Computação na Suécia, onde estabeleceu um novo record de desempenho. Trabalhou como stand-up comedian por algum tempo para depois fazer um mestrado em Economia, outro em Neurociência e outro em Filosofia. Em seguida realizou seu doutorado em Filosofia, tese que entrou para o Hall de melhores dissertações do ano cujo tema era uma formalização do principio antrópico: A Self Sample Assumption. Tem atualmente, 37 anos e é diretor do Instituto Para o Futuro da Humanidade desde os 33 anos. Já arrecadou mais de 13 milhões de dólares em verba através de bolsas para pesquisa, prêmios e doações.

1.2 Preocupações

Talvez o melhor modo de entender a sua filosofia seja começando por entender que tipo de preocupações parecem habitar a mente deste pensador. Como todos nós Bostrom é um macaco das savanas num mundo moderno que não é o dele. Mas para ele a sua savana é o universo e a sua tribo a humanidade, sem duvida é um macaco um tanto quanto estranho. No entanto, para a esmagadora maioria da humanidade a savana é algo menor que um bairro e a humanidade algo entre 20-1000 pessoas. Este ultimo fato é talvez a maior fonte de preocupações para o Bostrom. Porque estamos fora do ambiente no qual evoluímos não sabemos lidar com nosso novo ambiente. Claro que existem inúmeras coisas que se mantiveram constantes como as leis da física, fatos sociais básicos e nossas emoções em geral. No entanto a pequena parcela que mudou pode ser crucial para determinar nosso sucesso futuro como espécie. Inicialmente temos novos desafios no campo do conhecimento que são extremamente difíceis de superar dado a nossa maquina cognitiva, tais como entender mecânica quântica, neuroquímica ou o problema da consciência. Para alem disso temos desafios no mundo exterior que podem se tornar importantes pressões evolutivas, tais como entender os riscos e potenciais da tecnologia – o que inclui desde inteligência artificial até farmacologia – ou entender e lidar com os novos riscos naturais eminentes tais como choque com grandes asteróides e aquecimento global. Passamos 90% do nosso passado evolutivo tendo que fugir de leões na savana, caçar mamutes, achar parceiros e formar alianças em grupos de até 100 pessoas. Nada disso exigia pensamento preditivo que extrapolasse uma ou duas décadas, menos ainda algo que extrapole a duração vida media de um homem primitivo – 40 anos. Nada disso exigia que entendêssemos o comportamento de possíveis futuras inteligências artificiais ou que lutássemos inutilmente contra catástrofes naturais transvertidas de poderosas divindades. Não nos era exigido que tivéssemos uma memória de trabalho muito maior que três ou quatro espaços para que processássemos informações a respeito do ambiente e de quem fez o quem com quem em pequenas tribos. Nossa navegação espacial foi moldada para conseguir acertar uma lança na caça que foge em velocidade e, no entanto, audasiosamente a usamos para enviar naves tripuladas ao espaço. Surpreendentemente não temos saído muito mal desse empreendimento pretensioso chamado civilização moderna, no entanto modificamos nosso ambiente cada vez mais rápido e como resultado ele se distancia velozmente das antigas savanas. Nosso cérebro talvez esteja próximo de não ser mais adaptado o suficiente para o ambiente que ele próprio criou. Para que a sobrevivência da humanidade e do que ela valoriza ser possível é necessário transcender o invólucro que era só a semente, é necessário o transhumanismo. O primeiro fato inelutável sobre essas modificações é a sua ineroxabilidade: a tecnologia veio e vem crescendo exponencialmente e estimativas conservadoras calculam que por 2050 nosso modo de vida terá mudado tão radicalmente a ponto de se tornar irreconhecível. Se fizermos essas modificações da maneira certa aquilo que valorizamos não será destruído e seremos de fato transhumanos – mais humanos – e a vida se tornará mais próxima da perfeição. Se fizermos a coisa errada e nada do que consideramos humano esteja lá daqui a 40 anos, então a humanidade terá se extinguido. Se, além disso, não restar mais vida inteligente então a galáxia sofrera uma grande perda, uma vez que somos a única vida inteligente de que temos noticia. Pense em duas historias para nossa galáxia, e talvez para o universo: a matéria começa a se condensar pela força da grávidade, estrelas surgem, aglomerados cada vez maiores, estrelas morrem e nascem e surgem os planetas, em algum deles surge a vida e através de milhões e milhões de anos ela evolui até que surge uma espécie que se espalha pela galáxia, a enchendo de vida e significado, bilhões e bilhões de seres conscientes com os mais diversos e complexos estados mentais. Na outra historia essa espécie é destruída e a galáxia permanece para sempre fria, gélida, silenciosa e inabitada. A colonização da galáxia, entes super inteligentes, uma consciência e um entendimento muito mais profundos do universo e um bem estar e uma felicidade muito maior podem estar nos aguardando nos próximos séculos, bem como pode estar nos aguardado a total destruição, e qual porta nós iremos abrir depende das nossas ações agora. Ou a raça humana vai transcender a sua insignificância cósmica e a sua chama vai brilhar pelo universo e a galáxia será adornada com os ramos, as flores e os frutos do que agora é somente semente ou nós seremos completamente eliminados da face da terra e toda a nossa existência será vã. Existem diversos jeitos de nos modificarmos para enfrentar melhor esses desafios e fazer a coisa certa. Inicialmente podemos memeticamente tentar modificar nosso aparelho cognitivo, aprendendo sobre nossos bias cognitivos – tendência a sistematicamente desviar do pensamento racional  – e de como evitá-los. Alem disso podemos quimicamente aumentar nossa capacidade cognitiva com o uso de nootrópicos tais como modafinil e aricept. O mais importante, no entanto, é dar atenção aos nossos futuros desafios e pensar seriamente as questões que podem fazer o diferencial entre uma galáxia pulsante de vida e uma inabitada. Para abordar essas difíceis e relevantes questões Bostrom fundou o movimento conhecido como transhumanismo: um movimento intelectual e cultural que se funda da crença de que devemos usar a ciência e a tecnologia para alterar a vida humana para melhor. Nessa seção tentei dar uma visão do que subjetivamente move esse filosofo a pensar o que pensa. A seguir analisaremos os aspectos teóricos que são as pedras fundamentais sob a qual ele constrói sua filosofia.

2. A Filosofia de Nick Bostrom

2.1 Bases

2.1.1 Tentando saber mais que Deus, conhecimento indexical e a SSA.

O instrumental teórico de Bostrom gravita em torno de um único conceito: A Self-Sample Assumption (SSA). Em termos precisos a SSA consiste em assumir que você é uma amostra aleatória da sua classe de referencia, sendo a classe de referencia o grupo de entidades que se assemelham a você em aspectos relevantes. Por exemplo, imaginemos o seguinte experimento mental: o mundo consiste de 100 calabouços habitados, cada um deles, por um único ser humano. 10 são pintados de branco e 90 de vermelho. Você acorda num calabouço escuro, qual probabilidade você irá atribuir para que o seu calabouço seja branco? Naturalmente será 10%. Esse raciocínio intuitivo pode ser formalizado se você considerar que sua classe de referencia for a dos humanos e que ela tem tamanho 100 e que destes 100, 10 estão numa sala branca e 90 em uma vermelha, assim segue naturalmente que se você é um humano e não sabe a cor da sua sala, a probabilidade de que a sua sala seja branca é de 10 em 100, ou seja, 10%. A SSA tem a forma do condicional bayesiano P(Eu sou tal que … | O Mundo é tal que…) – no exemplo anterior: P(Eu estou na sala branca | Existem 100 salas habitadas no mundo, 10 brancas e 90 vermelhas). Este resumo simplista revela algo de fundamental ao pensamento bostroniano. Aquele que já olhou uma noite estrelada num céu despoluído e divagou sobre o universo, as estrelas e a sua formação, planetas com vida e nosso papel no cosmos teve talvez um instante do estado de consciência que constantemente permeia os escritos deste filosofo sueco. A SSA parte de uma observação do estado do mundo (“O mundo é tal que…”) para uma reflexão sobre a nossa posição nele (“Eu sou tal que..”). Uma das pedras fundantes deste conceito foi colocada por David Lewis em 1979 em seu artigo “Attitudes De Dicto and De Se”, neste artigo Lewis abordava uma limitação dos dois tipos de ocorrências em enunciados que eram canônicos na época: as ocorrências de re e as de dicto. As ocorrências de re – da coisa – dizem respeito a coisa no mundo e fixam a referencia, ocorrências de dicto – do dito – dizem respeito ao que quer que seja que a intensão do nome pegue no mundo. Por exemplo, quando digo: ‘O Diego poderia ser o rei da Dinamarca”‘ , se tomo ‘Diego’ como de dicto então isso significa que seja lá ao que o nome Diego se refira caso o mundo pudesse ser diferente, essa coisa no mundo poderia ser o rei da Dinamarca. Se tomo ‘Diego’ como de re então me refiro a um Diego especifico no mundo, que não é o rei da Dinamarca. No primeiro caso a sentença é verdadeira e no segundo falsa. Na época se acreditava que qualquer fato poderia ser expresso apenas com esses dois tipos de modo de se referir a algo. No entanto, Lewis mostrou no artigo que existiam fatos que caiam fora do alcance deste tipo de referencia: os fatos indexicais. Por exemplo, seja a descrição completa do estado microfisico deste ambiente, existe um tipo de conhecimento que é sempre inalcançado por esse tipo de descrição: os famigerados conhecimentos indexicais. O conhecimento de que você é você, e eu sou eu. Chalmers afirma jocosamente que nem Deus tem conhecimento sobre os fatos indexicais e é esse tipo de conhecimento que o Bostrom tenta focar com a SSA. As ocorrências de se seriam, portanto, todas as ocorrências que fazem referencia a pessoa que tem o conhecimento ou enuncia a sentença. “Eu sou narigudo” é um conhecimento que algumas pessoas podem ter e outras não. Por mais que alguém não narigudo olhe para o Diego e saiba “O Diego é narigudo” isso não é o mesmo tipo de conhecimento que só o Diego (e as pessoas narigudas) podem ter: “Eu sou narigudo”.
Esse tipo de conhecimento de se não é mera especulação filosófica, em inúmeros ramos da ciência e do nosso pensamento intuitivo usamos freqüentemente conhecimentos indexicais. Um exemplo apontado por Bostrom desse uso é na cosmologia. Se, como diz o modelo cosmologico mais aceito, o universo é infinito e contem processos aleatórios como radiação emitida por buracos negros então qualquer observação de qualquer evento será feita com probabilidade um. Uma vez que existem infinitos processos aleatórios e existe uma probabilidade finita de gerar observadores nesses processos que sofrem uma alucinação, qualquer observação possível sempre será feita, mesmo que por um observador que é um cérebro que acaba de ser ejetado de um buraco negro. No entanto queremos usar o fato de que observamos o universo tal como ele como evidencia para uma teoria que prevê que ele é deste modo que o vemos. Para realizar isso temos que levar em consideração a informação indexical de que nós observamos o universo dessa maneira. Esse fato indexical, ao contrario do simples dado empírico observacional, tem o poder de alterar a probabilidade de que uma dada teoria seja verdadeira. Por exemplo, Bostrom fala de duas teorias cosmológicas: uma prevê que a radiação de fundo é 3K e a outra que é 7K. Observamos que a radiação de fundo é 3K e queremos usar isso como evidencia em favor da primeira teoria. O simples fato de que observamos uma radiação de fundo não falseia nenhuma das teorias, pois em ambas o universo é infinito e a observação de uma radiação de 3K é sempre feita em algum lugar com probabilidade 1, a diferença é que na primeira teoria ela é feita muito mais freqüentemente do que na segunda. Assim se considerarmos o fato de que nós fizermos essa observação isso diz algo é favor da primeira teoria, pois nela essa observação é muito mais provável que na segunda. Para realizar essa inferência temos que primeiro nos considerar como membros da uma classe de referencia de observadores do cosmos e em seguida estimar a probabilidade de que o cosmos seja de um jeito ou de outro analisando como o fato de observarmos ele de um jeito afeta a probabilidade de que essa observação seja feita com maior ou menor freqüência. Alem disso Bostrom expõe inúmeros outros experimentos mentais alem do já citado nos quais isso se faz necessário, dentre eles temos o seguinte:

O mundo consiste de Deus e uma moeda justa. Deus joga a moeda e se der cara ele irá criar duas salas: em uma colocara um homem de barba negra e em outra de barba branca; se der coroa ele irá criar apenas uma sala com um homem de barba negra. Quando um homem vem a existência e não sabe a cor da sua barba, qual a probabilidade ele deve atribuir para que ela seja negra se ele é informado por Deus que a moeda deu cara. Nesse caso a classe de referencia desse homem são os habitantes do mundo: um homem de barba negra e um de barba branca e ele deve atribuir uma probabilidade de 50% para que sua barba seja negra. Se, no entanto ele for informado que a moeda deu coroa, sua probabilidade vai para 100%. Mas e se Deus nada informa sobre o mundo para esse pobre barbudo? Quando ele vem a existência, se faz a luz e ele observa que sua barba é negra, que probabilidade ele deve atribuir da moeda ter dado cara? Se assumirmos que a classe de referencia no caso são os homens de barba negra, temos que a probabilidade de que um homem observe uma barba negra no mundo onde a moeda deu cara é de 50% e no que ela deu coroa é de 100%. Assim, a observação “A minha barba é negra” faz com que seja duas vezes mais provável que ele esteja no mundo onde a moeda deu coroa do que na que deu cara e conseqüentemente a probabilidade de ter dado cara é de 1/3 e a de que tenha dado coroa 2/3. No entanto, a maioria das pessoas – segundo a sua intuição – diria que é igualmente provável. Para lidar com casos igualmente ou mais complexos do que esse se faz necessário uma formalização axiomática da nossa intuição, faz-se necessário a Self-Sample Assumption, faz-se necessário raciocinar como um membro aleatório da sua classe de referencia.

Alem disso a SSA pretende modelar nossas intuições com respeito ao principio antrópico: o principio antrópico diz que o universo tem de ser tal que ele proporcione à nós observarmos ele da maneira que observamos. Isso implica, dentre outras coisas, que ele tem de permitir vida inteligente como a nossa. A SSA talvez possa ser vista como um caso geral desse principio, que vale universalmente para qualquer observador e qualquer observação. Alem disso ela tem a vantagem de ser mais precisa e facilmente matematizavel.

2.1.2 Efeitos de Seleção Observacionais e Riscos Existenciais

Uma conseqüência particularmente interessante da SSA é de que nunca observaremos eventos que são incompatíveis com a nossa existência. Como conseqüência existe uma vasta gama de fenômenos que são inobserváveis pela sua própria natureza, eles estão vedados pelo o que Bostrom chama de Efeito de Seleção Observacional. Por exemplo, se no nosso experimento mental Deus jogasse um dado de 3 lados de modo que as duas primeiras opções permanecem como a anterior e se desse três ele não criasse nada os homens criados nunca iriam podem estimar corretamente a probabilidade da terceira opção se realizar dado que nunca a observariam. Se dado que você existe em uma sala a probabilidade que o dado tenha dado 3 é 0, então dado que o dado deu 3 a probabilidade de que você observe isso é 0. Temos um fenômeno interessante em que a existência de algo o torna automaticamente inobservável. Se a freqüência de um evento não influencia a nossa probabilidade de observa-lo então isso significa que não podemos aprender com a experiência sobre eles. Estimar a sua probabilidade com base na experiência direta estará sempre fadada ao fracasso pois a probabilidade de experienciarmos tais eventos é constante e igual a zero independente de quão prováveis eles sejam. Um tipo particular desse evento são os eventos de extinção em massa. Existem certos eventos que poderiam aniquilar por completo a raça humana, tais como grandes asteróides, inteligência artificial dando errado, supervulcanismo, etc., tais eventos constituem Riscos Existenciais. Ao estimar a probabilidade de sermos extintos não podemos usar o fato de que nunca fomos extintos como critério. Existem outros métodos indiretos de realizar esse tipo de estimativa como, por exemplo, ver com que freqüência esses eventos ocorrem em outros planetas. Nas seções seguintes contextualizarei melhor os efeitos de seleção observacionais e darei alguns exemplos de Riscos Existenciais em potencial.

Em futuros posts dessa série, abordarei os seguintes tópicos:

2.2 Riscos Catastróficos Globais
2.2.1 Introdução
2.2.2 Dois principais bias
2.2.3 Outros bias
2.2.4 Principais Riscos
2.2.5 Conseqüências

2.3 Transhumanismo
2.3.1 Melhor impossível: A status quos bias
2.3.2 Imperativos Éticos
2.3.3 Human Enhancement
2.3.3.1 Cognitive Engancement
2.3.3.1.1 Antigos
2.3.3.1.2 Químicos
2.3.3.1.3 Outros
2.3.3.1.4 Uma heurística para modificar a evolução
2.3.3.2 Life-Span Enhancement

2.3.4 Transhuman Enhancement
2.3.4.1. Uploading de Mentes
2.3.4.1.1 Técnicas
2.3.4.1.2 Riscos: imediatos e de longo prazo
2.3.4.2. IA
2.3.4.2.1 Projeções
2.3.4.2.2 Riscos

Space… the Final Frontier

via-lactea-21

Desde muito pequeno sempre admirei a vastidão e a profundidade do cosmos e ao mesmo tempo que me sentia apequenado me sentia também invadido por um sentimento de grandiosidade ao contemplar o céu estrelado. Exatamente o mesmo sentimento me assombra de novo ao constatar que na imensidão do cosmos consigo vislumbrar paradoxalmente a completa insignificância e ausência de sentido da vida humana e ao mesmo tempo o destino manifesto da nossa civilização. Mesmo no nosso mais alto grau de desenvolvimento não fazemos a menor diferença do ponto de vista de uma escala galáctica, que dirá cósmica. No entanto, dada a taxa atual de desenvolvimento tecnológico é uma conseqüência inevitável a colonização do espaço, o aparecimento de entidades super inteligentes e um entendimento mais profundo da natureza do nosso universo. Usando-se sondas de von Neumann estima-se que após os primeiros passos em direção a colonização da galáxia serem dados, essa tarefa se completara em algumas centenas de milhares de anos .

Bostrom argumenta que mesmo com o atual poder computacional se a tecnologia para o uploading for desenvolvida todos os recursos disponíveis apenas no nosso aglomerado local seriam suficientes para sustentar 10²³ seres humanos, ele calcula que a cada segundo de atraso na colonização espacial desperdiçamos 100.000.000.000.000 de vidas em potencial. Se formos descuidados com relação aos perigos de extinção podemos ser eliminados da face da terra e com isso a colonização da galáxia por vida inteligente sofreria no mínimo um grande atraso com uma perda de vidas em potencial incomensurável. Por isso o futuro da humanidade me preocupa mais do que qualquer outra coisa, os valores em jogo são altíssimos. Se eu achasse que a raça humana estivesse fadada a continuar no atual estado de desenvolvimento para sempre eu não iria  me preocupar tanto com a questão. No entanto eu sei que o tempo em que os seres humanos vão desempenhar um papel chave no que vai acontecer com o nosso planeta e no mínimo com a galáxia se aproxima, se raça humana desperdiçar esse momento todo um futuro cheio de possibilidades inimagináveis é destruído. A colonização da galáxia, entes super inteligentes, uma consciência e um entendimento muito mais profundos do universo e um bem estar e uma felicidade muito maior podem estar nos aguardando nos próximos séculos, bem como pode estar nos aguardado a total destruição, e qual porta nós iremos abrir depende das nossas ações agora. Ou a raça humana vai transcender a sua insignificância cósmica e a sua chama vai brilhar pelo universo e a galáxia será adornada com os ramos, as flores e os frutos do que agora é somente semente ou nós seremos completamente eliminados da face da terra e toda a nossa existência será vã. Quando se sabe que a primeira possibilidade é real, saber que a segunda também o é, é aterrorizante.

A questão do significado da vida e do nosso papel do cosmos pode ganhar uma resposta caso tomemos as ações certas em direção a singularidade e à conquista do espaço, caso contrario a vida se torna sem significado algum e nosso papel no cosmos é totalmente irrelevante. Quando olho para o céu estrelado imagino grandes civilizações realizando viagens interplanetárias, computadores do tamanho de planetas simulando bilhares de bilhares de civilizações infinitamente mais avançadas que a nossas, diante de toda a frieza e a imponência do cosmos consigo vislumbrar ele preenchido de vida, de diversidade e de sentido. Pensar que todo esse futuro possível pode desaparecer diante de nossos olhos somente por descuido é desolador. De fato estamos boldly going where no man has gone before, que a nossa jornada não acabe de maneira abrupta nas mãos de estúpidas e incontroláveis nano maquinas.

Termino com a descrição de apoteose dada por Yudkowsky:

“The Singularity holds out the possibility of winning the Grand Prize, the true Utopia, the best-of-all-possible-worlds – not just freedom from pain and stress or a sterile round of endless physical pleasures, but the prospect of endless growth for every human being – growth in mind, in intelligence, in strength of personality; life without bound, without end; experiencing everything we’ve dreamed of experiencing, becoming everything we’ve ever dreamed of being; not for a billion years, or ten-to-the-billionth years, but forever… or perhaps embarking together on some still greater adventure of which we cannot even conceive.  That’s the Apotheosis.

If any utopia, any destiny, any happy ending is possible for the human species, it lies in the Singularity.

There is no evil I have to accept because “there’s nothing I can do about it”.  There is no abused child, no oppressed peasant, no starving beggar, no crack-addicted infant, nocancer patient, literally no one that I cannot look squarely in the eye.  I’m working to save everybody, heal the planet, solve all the problems of the world.”

A Consciência Inexplicável

A Consciência Inexplicável

O estudo da consciência se divide entre o Hard Problem e os Easy Problems, caracterizados por David Chalmers. Os easy problems dizem respeito a questões funcionais e estruturais, que podem ser explicados através de reducionismo científico, e que dependem apenas de teorias precisas e aparato empírico para se resolverem, esse problemas incluem o relato verbal, o acesso privilegiado a um dado, a atenção e concentração, a auto-consciência etc… O Hard problem por outro lado é conceitualmente distinto, a pergunta que lhe dá origem é qual é o mecanismo através do qual o mundo físico cria o mundo mental (no sentido de experiência). Ninguém parece compreender bem isso, e a proposta de Chalmers, em oposição a da maioria dos filósofos da mente, é a de que tomemos a experiência como uma propriedade básica, tal qual espaço-tempo ou massa. Não é algo que deve ser explicado em outros termos, mas um termo com o qual podemos explicar coisas (por exemplo como funciona o sistema dos estados mentais e suas relações etc.) um dos constituintes básicos do mundo. Chalmers chama essa posição de dualismo naturalista.

A posição que pretendo defender aqui é uma posição enfraquecida da idéia de Chalmers. Chamo-a de Dualismo Naturalista Inacessível. Descrevo-a: O Dualista Naturalista Inacessibilista considera que o mundo físico seja causalmente fechado. Assim sendo, dada uma sequência causal bem-formulada de eventos a,b,c,d,e etc… somente a,b,c e d podem ser responsáveis causalmente por e. Não existe interferência de nenhum evento não físico, não existe nenhuma causalidade de cima para baixo, todos os interagentes causalmente relevantes para um determinado evento físico futuro são, necessariamente, eventos físicos. O Dualista Naturalista Inacessibilista acredita também que exista um conjunto de elementos no mundo que não são descritíveis pelas leis físicas que regem a causalidade fechada do mundo físico como o concebemos hoje. Em outras palavras, sejam a,b,c,d,e etc… todos os eventos físicos inferíveis a respeito do universo. Mesmo se essa enumeração esgotar todos os eventos, presentes, passados e futuros que descrevem esse universo fechado, ainda assim existem outros elementos constituintes do universo, chamá-los-emos M1, M2,M3 …. onde M é um referente fraco ao conceito de mental. Nenhum elemento mental é causalmente efetivo, ou seja, M1, M2, M3 …. não agem sobre o mundo físico, de nenhuma maneira, são causalmente ineficazes.

Repare que até aqui, não caracterizei de forma alguma se existe, ou qual seja, a relação entre eventos mentais e eventos físicos, e retornarei a esse ponto mais tarde.

Um elemento do universo do Dualista Naturalista Inacessibilista é a informação, que não é o mesmo do que um evento físico. Um evento físico contêm, ou instancia, informação. A informação é instanciada num determinado evento físico. Ora, se é instanciada, ela existe, ela tem algum grau de existência no nosso universo em questão. Nenhuma informação é um evento físico, e nenhum evento físico é uma informação. Toda informação precisa de uma mídia para ser instanciada, ou seja, não existe informação “à deriva”, toda informação só o é se está sendo instanciada em uma mídia, ou seja, em um evento físico. Um evento físico, portanto implica uma determinada informação. Pode-se dizer que, já que um evento físico e outro evento físico igual sempre implicam a mesma informação, e no entanto a mesma informação pode ser instanciada em dois eventos físicos distintos, então é razoável (não é incoerente) dizer que o evento físico causa a informação. Ao optarmos por qualificar o universo físico como causalmente fechado (causalmente suficiente para explicar a si mesmo) libertamos o universo informacional de ter de ser causalmente efetivo no universo físico. Ele poderia ser apenas uma forma de projeção dos eventos físicos, sem jamais impor-se, ou modificar os mesmos.

Voltemos a caracterização dos eventos mentais. Os eventos mentais foram até agora caracterizados como não físicos, e não causalmente efetivos. Nada foi dito sobre sua constituição, matéria prima, natureza ou demais relações que possa ter com quaisquer outros objetos. Isso não se dá sem razão, vejamos: Se um determinado evento não é físico, e não possui qualquer efetividade causal sobre o que é físico, então não há nenhuma maneira de detectar sua existência, ou conhecer suas propriedades internas.

Isso não torna a noção de um evento mental desinteressante, inescrutinável, metafísica e talvez até mesmo inconsistente? É possível. No entanto, não é tão fácil quanto parece garantir a certeza da frase em itálico. Utilizaremos o contra-exemplo da informação: Dada uma serie de informações (por exemplo a sequência de informações sendo processada por um computador) é possível inferir quais informações serão instanciadas em seguida. Isso em aparência violaria a caracterização de que a informação não é causalmente eficaz, afinal, como é possível que eu tenha acesso a ela, se ela não deixa nenhum rastro de sua passagem? O que ocorre é que a natureza da relação entre informação e eventos físicos é tal que os eventos físicos “contam a história” ao menos em parte, da informação que carregavam no passado. “Contar a história” é exibir marcas do passado, e essas marcas foram gravadas fisicamente, a gravação física em si não teve nenhuma interferência de cima para baixo, da informação agindo sobre a matéria, no entanto, conforme a operação se deu, a informação foi se modificando junto com a matéria, e por isso a história da informação pode ser retroativamente projetada a partir da matéria futura. Para um observador que só pudesse ver a informação, a história seria subdeterminada (ou seja, ela possibilitaria mais de um futuro, porque dois estados físicos podem conter a mesma informação) mas ela não seria “incompreensível”, apenas não totalmente determinista. Se a relação entre os eventos físicos e a informação fosse exatamente de 1 para 1, ou seja, biunívoca, seria apenas uma questão de escolha optarmos por um ou por outro na hora de descrever fenômenos, e seria incorreto dizer que há uma relação de causalidade entre uma e outra, sem ser entre ambas, ou há uma causalidade instantânea para os dois lados, ou (mais razoavelmente) o termo “causalidade” está mal colocado, e elas são apenas coisas interconectadas. O caso real, no entanto é que a informação é determinada pelo físico e o físico é subdeterminado pela informação. De qualquer maneira, como existe algum grau de deteminação inversa (mesmo que sem relação causal) isso implica que é possível algum grau de conhecimento a respeito do funcionamento da informação. Algum dado informacional pode ser recuperado, ou ao menos probabilisticamente distribuído (i.e. é 90% provável que a informação X tenha precedido a informação Y). Podemos então refrasear: Se um determinado evento não é físico, e não possui qualquer efetividade causal sobre o que é físico, então qualquer maneira de detectar sua existência, ou conhecer suas propriedades internas, será subdeterminada na medida X em que a relação entre os eventos físicos e esse evento for uma relação de X para 1.

Se a relação for 1 para 1, ela será equivalente a uma simulação perfeita, se for de 1,5 para 1, teremos um passado indeterminado no nível de análise daquele evento, mas não muito indeterminado. Se for de 10 para 1 (10 eventos físicos são capazes de gerar o mesmo 1 evento do tipo E) então um historiador de E estaria de fato com problemas ao tentar proceder sua análise. Um futurólogo teria o mesmo problema, considerando que lhe foram dados apenas peças de informação e não da própria realidade.

Assim sendo, resta-nos saber se os eventos mentais M1, M2, M3 são acessíveis a nós através desse método de análise, através do qual, como vimos, é possível inferir um passado informacional mesmo que esse não resguarde qualquer relação causal com o objeto a partir do qual estamos tentando inferir a história. Uma inferência, ou teoria, ou descrição são todos informações, em uma determinada linguagem. Assim sendo, em verdade, todo o conhecimento que temos é composto de informação, e portanto nosso acesso privilegiado é a informação, e não ao sistema físico no qual ela é instanciada. Qualquer outro efeito dos eventos físicos, qualquer outra coisa instanciada neles, seria acessível apenas através de 2 graus de subdeterminação, o primeiro deles fazendo o caminho entre a informação que temos, e os eventos físicos que poderiam tê-la gerado, e depois a causalidade entre os eventos físicos que o geraram e ele próprio (no caso da informação, nesse nível não há subdeterminação por definição, já que cada evento físico determina 1 e somente 1 informação).

Quando o Dualista Naturalista Inacessibilista fala sobre eventos mentais, ele não quer, ele não se compromete a dizer de que maneira os eventos físicos determinam os eventos mentais, porque compreende que o problema da subdeterminação é indecidível, ou em outras palavras: não há como, a partir de informações geradas por eventos físicos, saber a respeito de se ou como eventos físicos anteriores possam haver gerado outras coisas que não informação. Esse procedimento é consoante com a posição de um universo causalmente fechado, que produz informação.

Uma pergunta se coloca: Ora, não havendo razão para saber sequer se os eventos físicos determinam outras coisas que não informação, porque não abandonar essa hipótese (por definição desnecessária, por exemplo à física) segundo a navalha de Ockham?

A resposta natural, que seria dada pela maioria das pessoas é a de que elas sentem, percebem e familiarizam-se com os eventos mentais, e que portanto eles não podem ser descartados. Versões dessa resposta podem ser encontradas em Searle e no próprio Chalmers. No entanto, relatos verbais, declarações de sensação e familiaridade são todos sentenças de linguagem, e portanto são informações. Se são informações, são determinados fisicamente, e não podem ser a respeito de nada não físico ou informacional, ao menos não podem ser privilegiadamente sobre algo não físico ou informacional, em outras palavras, não são melhores que uma tacada de golfe no escuro.

Mas então, se sabemos que nossos relatos verbais e teorias jamais serão capazes de atingir qualquer compreensão a respeito dos tais eventos mentais, se isso é completamente impossível, o que leva o Dualista Naturalista Inacessibilista a defender a existência dos tais complexos chamados estados mentais? A suposição de que seja mais provável que exista algo análogo ao que alegamos sentir como estados mentais do que que não.

Um filósofo, ao confrontar-se com a questão de se é ateu ou agnóstico reponde: Não posso provar a não existência de Deus, portanto, filosoficamente, sou agnóstico. No entanto, como sujeito com crenças, tenho para mim que é infinitamente mais provável que Deus não exista, e portanto, em crença, sou ateu.

Analogamente, o Dualista Naturalista Inacessibilista diria, ao ser questionado sobre se acredita em estados mentais: Não posso provar a existência de estados mentais, no entanto me considero capaz de provar que não se pode provar nem a existência, nem a não existência de estados mentais. Considero essa questão não metafísica, mas indecidível, e assim sendo, qualquer posição a respeito dela é artigo de fé. Além disso, tenho uma forte intuição da existência de estados mentais, e acredito (por artigo de fé, e não por um encadeamento lógico) que essa intuição possa estar correlacionada, de alguma maneira, a existência de fato de um elemento com propriedades similares ao objeto intuído. A esse elemento, que se parece (formal e imprecisamente) com a intuição que tenho do que seja um evento mental, dou o nome de “evento mental”. E por artigo de fé, considero sua existência mais provável do que sua não existência.

Essa é a caracterização do posicionamento do Dualista Naturalista Inacessibilista. Diferentemente de Chalmers, por exemplo, não posso crer que seja factível uma teorização do mental, porque não tenho acesso teórico a ele. Em verdade, uma teorização do mental seria até factível, no entanto nunca poderia ser comprovada, explico: Para obtermos uma informação a respeito de algo não físico, esse algo haveria de ser informação. Não caracterizamos a substância, constituição ou material do qual são feitos os eventos mentais. E pode ser o caso que eles sejam feitos de informação. Se esse for o caso, então é possível, como considera Chalmers, que façamos uma teorização interna do mental, com explicações e divisões, análises e heurísticas positivas e negativas, no sentido de Lakatos. No entanto, não existe nenhum procedimento verificacional que possa confirmar se esse é o caso. Seria interessante então postular tal hipótese para podermos obter uma teorização do mental? Sim, no entanto, essa teorização não seria sobre o mental, seria sobre as informações que geram em nós a disposição de versar sobre o mental. E não há razão para chamarmos isso de mental no sentido intuitivo ao qual nos estamos agarrando (já que não estamos agarrando a nenhum outro sentido pré-definido). Podemos chamar isso de uma teoria da percepção (já que a percepção é caracterizada cientificamente, falseavelmente) ou teoria da transcrição linguistica do input-informacional humano, ou, mais simples e eficazmente, podemos seguir Dennett e chamá-la de hetero-fenomenologia.

O Dualismo Naturalista Inacessível, dirão os críticos, não é capaz de estabelecer previsões a respeito do mundo, não auxilia o desenvolvimento da ciência cognitiva, e é uma hipótese desnecessária ao realista científico. De fato. No entanto, o Dualismo Naturalista Inacessível não objetiva tornar-se um paradigma científico, mas pretende tornar clara uma posição a respeito do mundo, uma forma de pensar a respeito dele. Numa palavra, uma crença. A caracterização dessa crença não é de maneira nenhuma contrária à um projeto de pesquisa sobre o caráter informacional do comportamento, a previsão do passado etc… Ela apenas serve para ilustrar uma crença que é a meu ver sustentada por mais pessoas do que se imagina, e que fica ofuscada por teorias mais “fortes” cujos poderes previsivos fazem com que seus proponentes por vezes postulem, ou finjam acreditar em, certos objetos para conduzir determinados programas de pesquisa.

O teorema de Gödel demonstrou, na axiomatização matemática, que dado um sistema lógico, sempre há uma proposição indecidível nesse sistema. Naqueles casos, se o único problema fosse aquela proposição em particular, era possível construir um sistema mais forte que provasse sua verdade. A posição do Dualista Naturalista Inacessibilista se encontra nesse momento intermediário. Acreditamos que seja indecidível a existência ou não existência de estados mentais, mas temos poucas esperanças que se possa construir um sistema de raciocínio mais “forte” que permita decidir essa questão de uma vez e livrar-se do problema da subdeterminação. O que nos define é a crença nessa existência e a suposição de que, o que que que sejam os estados mentais, eles são determinados por estados físicos, e não os determinam.

Is there anything special about conciousness? Concerns about our posthuman future

Most of the atheists, most of the tranhumanists, extropians and neuroscientists would agree that no, there is nothing special about it.But I think it is time to take a carefull look at what do these people mean exactly with this no.

First of all, we must consider what does the word “special” mean in this sentence. Certainly among the “special” things would be souls, spirits, and all the metaphisical friends some people beleive they still carry inside them. And it is obvious that these inventions are not what I’m writing about here. My problem with the “there is nothing special about consciousness” phrase is not what the special includes, but what it does not.

None of us has a spirit. And whatever is responsible for consciousness and all its processes is necessarily in our material brains, not in an invented world. Yet there is still no final conclusion about what exactly in the matter that composes our brain is responsible for being conscious. Certainly the neurons and their electrical structure are involved on it. But there is no one who has said “ our consciousness is the calcium passing”, “our consciousness is the eletrons that move between the neurons” or “our consciousness is the electrical activity within the axon” and comproved it in a irrefutable sense.

Although this has not been done, it is fair to say that we know that consciousness is a property of matter. What we call consciousness is necessarily a property of a specific agregation of matter that happens in our brain. Just like flexibility or capacity to conduce electricity, consciousness depends on how matter is rearranged, and therefore may be called a property of matter.

We know with much certainty what are many of the properties of matter due to. Being solid, or being flexible are properties that we know from what they come from, and therefore we are able, at least theoretically to reproduce this property in another set amount of matter. We can make thousands of flexible pencils, because we have knowledge enough to change matter in a way that it adquires the property “flexibility”.

We could, for instance, build flexible pencils with many kinds of material, since we know that it is possible to adquire flexibility not only with a specific material. Also we could achieve flexibility with different stuctures and the same material, since we know that it is not just one specific structure that has flexibility, but there are several structural rearranges that do so.

But the same does not happen to consciousness, we are not exactly sure what in matter has the property consciousness, and this is of extreme importance to the future development of Artificial Intelligence.

Now onwards, I will make suppositions, I do not claim any of this suppositions to be true, neither am I trying to defend one specifically, my only purpose with them is to show what are the consequences of these suppositions to the posthuman world if they were true.

Suppose, for instance, that consciousness is all about information, in this case, anything that processes information in the same way that conscious thins do would also have the property consciousness, and would therefore be conscious. In this case, we could build aritificial digital computers that are extremely powerfull, powerfull enough to do all the computations that our minds do, and these computers, even being extremely different from our brains, would still be consciouss, since the particular thing about matter that produces consciousness would be in them. That has been the supposition that part of the enthusiasts of transhumanism I’ve talked to have. But it seems to me a very dangerous supposition. To show in what sense is this supposition very dangerous I will begin showing a different supposition.

Suppose now that consciousness only emerges from higly parallel, analogic, information. Then any sistem ( biological or not) that can make massive parallel connections to transport information would also have the property of being conscious. So if we created computers with these given properties, they would be conscious, and there would be no problem, for instance, to upload yourself to one of these. But what if this suppositions is right, and we only build the computers that I have mentioned in the first supposition. The binary ones. Then we would have computers who can behave exactly as our minds do, but they are not conscious, they are only zombies. Suppose then that everyone on earth uploads himself to this binary computers, then we would have a fantastic posthuman society, with no one to see it. It would be simply a zombies society, none of the computers would be concious, and all our effort for a great posthuman world would have been wasted. Note that these machines, if were asked, would behave exactly like a human, so they would answer that they are conscious, they would act as if they have feelings. From “outside” they would be indistinguishable from us. And they certainly would pass the Turing test.

Now, we are most likely to only be able to achieve the behavior of a mind doing massive parallel analogic computers, so the dystopic scenario of this second supposition is quite improbable to happen. But I have only given these two first suppositions because they represent what most of the transhumanists already suppose, now I will show how there are other suppositions that, if proved to be true, will generate a dystopic scenario that as far as I’m concerned, no one has yet predicted or worried about.

The third supposition is that consiousness is a property of the Biological matter trat composes neurons, or of the electical activity in the neurons. In this case, none of our both computers in the above scenarios would have the property of being concious. And therefore we would have two possible dystopic scenarios, one of posthumanity with binary and other of posthumanity with analogical unconcious computers. But then, there is still a chance that the computers we develop have or the same sort of electrical patterns or are made of neurons, and in this case, we would have a pleasant conscious posthuman world.

The point I’m trying to make here is that no matter what of the suppositions (these or any of the millions of other) is right, there are some scenarios in which we have conscious posthumanity and scenarios were we have unconscious posthumanity.

We are producing posthumanity the wrong way. When we choose to produce flexible pencils, first we learn what assures flexibility to matter, then we reproduce matter in order to achieve flexible pencils. But with consciousness, we are going the wrong way. First we are trying to reproduce Intelligence ( which is a different property of matter than consciousness) and we are faithfully beleiving that as soon as we learn how to produce intelligent matter, we will also be producing concious matter. Intelligence, as most tranhumanists and computer analists think, is a behavior. Things may behave intelligently, in the sense that they make the complex associations that we call intelligent associations. But this does not mean they make this associations conciously, they may simply compute this associations, and they would not feel anything while doing it.

Intelligence and consciousness are two different properties of matter, and we should take extreme care with ourselves if we do not want to become a society that has no conscious beings on it. Producing intelligence is very important, including to understand consciousness, but being able to produce intelligent matter does not mean we are able do produce concious matter, and I beleive that the most important thing for the transhumanist thinkers and developers should be to run away from the easy two suppositions (that say that consciousness is only about information), and admit that, as long as we are not exactly sure of what in matter generates conciousness, it is very risky and even undesirable to transport your “self” to a different agregation of matter that the one we already know that is conscious, the neural networks, composed of biological neurons.

I am not saying that we should stay like we are today, I’m just saying that we should first understand what is exactly, without a doubt, what is responsible for consciousness in matter, and then reproduce it in order to create or upload sentients. I’m just trying to prevent what I beleive that would be one of the catastrophes we usually call “human extinction scenarios”.

It is, of course, possible that consciousness is indeed only a structural property, and therefore anything with the same structure as the brain would necessarily be concious, even if the electricity travelled faster, even if made by nanotubes or silicon. But we should not blindly and faithfully expent all our efforts in a supposition. We have already ultrapassed 4 Singularities, and I do not feel like we should waste all this time and probability by simply assuming a supposition is right. Bertrand Russell said that “religion is what we invent, Science is what we know, and phlosophy is what we don’t know” The problem of consciousness has been for hundreds of years a matter of philosophy and religion, finally it has started to make its way through science, but as long as we don’t have a very good theory about it, it is not worth it to waste billions of years of hard effort in our egoistic necessity of saying “I was one of the producers of the singularity”.

It is rather improbable, but the problem of consciousness may still take a while to be completely solved, and I beleive that it is worth the effort to lose some posthuman time in not becoming posthuman sooner than that.

The science of AC, Artificial consciousness will probably run much faster than AI, since the evolutive processes are growing exponencially. If we have waited for AI, It won’t be that bad to also wait for AC in order to finally achieve the condition we have been seeking for so long, the posthuman condition.

In a conversation with Bill Gates, Ray Kurzweil has said that we now need a new faith, and in this new faith, from the sciences and arts, we should inherit the respect for knowledge, and from the tradition of religions, we should inherit the respect for conciousness, it was in order to acomplish this second task that I have written this text, and I hope it achieves the eye-opening objective that I have developed for it.